Católica terá empresa de jogos digitais

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 16/09/2011 às 18:24

Curso pioneiro no Estado publica games na plataforma Android e espera desenvolver mercado local para fazer títulos para consoles no futuro

A Universidade Católica de Pernambuco planeja abrir no primeiro semestre do ano que vem uma empresa júnior de jogos digitais. O coordenador do curso, Breno Carvalho disse ao MundoBit que já existem possíveis clientes que ainda preferem não aparecer. O espaço servirá também como um laboratório para os alunos do curso, que terão contato com o mercado para explorar o que aprenderam. Mas, há uma expectativa maior.

Segundo Carvalho, o Estado tem potencial para desenvolver jogos e produtos interativos com qualidade suficiente para exportar e dialogar com companhias estrangeiras. Apesar de já existirem empresas estabelecidas no segmento online, ainda não temos estrutura para fazer títulos para consoles, como Xbox e PS3, por exemplo. "Isso é um desafio, mas podemos entrar nesse circuito. O curso não tem esse objetivo, mas podemos desenvolver capacidades nesses alunos".

Criado no ano passado, o curso de jogos digitais da Católica, o primeiro do Estado, faz parte da graduação superior tecnológica e dura dois anos e meio. Atualmente, 90 alunos estão cursando em diferentes períodos. "Vimos a necessidade de especializar o mercado local e também percebemos que muitos jovens que trabalhavam nesta área estavam se mudando para outros Estados ou para o exterior", lembra Carvalho. Ele coletou diversas reportagens sobre esse crescimento de oportunidade no setor para tentar convencer a universidade de abrir o curso.

"Falar de jogos na academia era motivo de piada algum tempo atrás", lembra Breno. Sílvio Meira, cientista-chefe do C.E.S.A.R. foi visionário em iniciar a capacitação de profissionais da área, ainda nos anos 1990. Meira chegou a conversar com diretores da Católica em algum momento do período, lembra o coordenador, para expor a importância de abrir uma turma, mas não foi levado à sério.

Já Gerber Ramalho, professor de Entretenimento Digital na UFPE em uma palestra na instituição explicou um dos motivos do curso fazer parte da grade de comunicação social (jornalismo, publicidade) e não de ciências exatas, como ciência da computação. "Jogo é algo que trabalha com o lúdico, a emoção e por isso, não pode ser uma ciência exata".

A falta de mão-de-obra foi o principal chamariz para a criação. "Existe hoje muitas oportunidades no campo da educação, entretenimento, publicidade, internet e serviços. Além de jogos, criamos aplicativos para cursos à distância, que vem crescendo bastante em todo o Brasil", disse Breno.

Android

Os professores do curso decidiram usar a plataforma Android como padrão no desenvolvimento de jogos. Além de ser mais popular, tem um processo de publicação menos complicado e mais rápido que o iOS da Apple. Os alunos têm aula de edição de vídeo, interatividade, linguagens de programação, roteiro, edição de arte e desenho.

Eles desenvolvem projetos em conjunto e apresentam um jogo desenvolvido em aula ao final do curso. Além de plataformas móveis, saem com capacidade para produzir produtos para computadores e também redes sociais, como jogos do Facebook. Segundo Breno Carvalho, ainda falta investimento e estrutura para o desenvolvimento de games para console. "Precisaríamos de estúdios de dublagem, computadores de edição mais potentes e captura de movimentos". A criação da empresa pode sedimentar esse processo para uma evolução do curso.