Intercom: TV digital interativa no Brasil foi apenas um sonho

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 06/09/2011 às 20:22
TvDigital_Intercom FOTO:

Para debatedores, governo não conseguiu desenvolver modelo de interatividade no Brasil (Foto: Paulo Floro / NE10)

Falta de incentivos e impossibilidade de um diálogo que se chegasse a um produto final condenou a TV digital interativa brasileira ao limbo. Esse foi um dos consensos do debate sobre políticas públicas para mídias digitais e interativas que aconteceram no último do Intercom, na Universidade Católica de Pernambuco. Para Carlos Ferraz, diretor do C.E.S.A.R. e professor do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco, faltou atrativos. "Ficamos brincando de fazer protótipos e não imaginamos um produto que fosse atrativo, interessante para o público".

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A ideia que se tinha durante as primeiras conversas para se chegar à TV interativa era de uma participação direta da audiência nos programas. As pessoas poderiam interagir com os programas, fazer escolhas, entre outros recursos. No Brasil, assim como no resto do mundo, esse conceito de interatividade foi perdendo força. "Perdemos uma ótima oportunidade de avançar nesse campo", disse Ferraz, que ainda afirmou que a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) e a Rede Globo também fizeram o possível para que o modelo não fosse adiante.

No vácuo da falta de uma TV interativa, as empresas lançaram seus próprios produtos, as chamadas "TVs conectadas". Sony, LG, Samsung, entre outras já trabalham seus televisores inteligentes. São aparelhos ligados à internet com acesso à aplicativos. "Isso não pode ser chamado de interatividade. A usabilidade é ruim e novamente não tem atrativos. O telespectador continua com uma experiência ruim e estão chamando de interação a possibilidade de ver vídeos do YouTube em uma tela de 40 polegadas. É muito pouco", disse. Para ele, não adianta trazer o que funciona na web para a TV.

Ferraz diz que o futuro pode trazer boas novidades nesse campo. Tecnologias de percepção de movimentos como o Kinect podem dar a usabilidade ideal para interagir com o televisor. Mas, o principal desafio é mesmo a capacitação. "Temos que trabalhar em conjunto com diversas áreas".

Cosette Castro, da Universidade Católica de Brasília e especialista em TV digital disse o assunto "interatividade" encontra-se parado, mas existem perspectivas de melhora. "Foi feito um investimento de R$ 10 milhões para o Ginga Brasil para projetos envolvendo TVs públicas, inclusão digital e universidades". Ginga é o nome do software aberto utilizado no Sistema Brasileiro de TV Digital. Até hoje o sistema não empolgou desenvolvedores e segue pouco utilizado.