Câncer de fígado: recifenses ainda desconhecem os riscos da doença

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 31/05/2018 às 9:17
Ser obeso aumenta o risco de câncer de fígado, provavelmente, porque pode resultar em esteatose hepática (fígado gorduroso) e cirrose (Foto: Free Images)
Ser obeso aumenta o risco de câncer de fígado, provavelmente, porque pode resultar em esteatose hepática (fígado gorduroso) e cirrose (Foto: Free Images) FOTO: Ser obeso aumenta o risco de câncer de fígado, provavelmente, porque pode resultar em esteatose hepática (fígado gorduroso) e cirrose (Foto: Free Images)

Por Priscila Miranda, repórter da central de apuração do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação 

SÃO PAULO - Considerado o terceiro câncer que mais mata no mundo, o carcinoma hepatocelular (CHC) ainda é envolto em desinformação e preconceito por grande parte da população brasileira. E uma pesquisa feita pelo Instituto Oncoguia, em parceria com a Bayer e o DataSus (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde), mostra que as pessoas que vivem na capital pernambucana também sabem pouco sobre o câncer de fígado. O levantamento foi apresentado recentemente durante evento em São Paulo. 

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Mais da metade dos entrevistados (56%) no Recife disseram conhecer o câncer de fígado. Apenas 4% deles, contudo, afirmaram que a principal fonte de informação sobre a doença tenha sido um médico - menor índice da pesquisa comparado com outras capitais pesquisadas. Quase metade (45%) não soube definir a própria fonte de informação.

“Consultar um médico regularmente, seja um hepatologista, para aqueles que possuem algum tipo de doença crônica, como a cirrose, ou um clínico geral é uma das melhores formas de prevenção. Eles podem indicar exames de sangue e imagem capazes de garantir rápido diagnóstico e tratamento”, afirma o médico Rogério Alves, hepatologista do A.C Camargo Câncer Center, em São Paulo.

Além da baixa procura pelo assunto, os recifenses pesquisados mostraram conhecer pouco sobre os sintomas do câncer de fígado: apenas 26% disseram saber quais são e citaram a perda de peso como o principal (49%), seguido pela azia grave, vômitos persistentes e indigestão como a segunda opção mais escolhida (14%), assim como a barriga grande e muito apetite (14%).

“O fígado, mesmo doente, pode não causar sintoma algum e, quando começa a demonstrá-lo, a doença que o acometeu pode já estar em estado avançado. Isso se dá, principalmente, pela capacidade de regeneração desse órgão”, explica o médico.

Gordura que pode causar câncer de fígado

Com relação aos fatores de risco, a pesquisa feita com a população do Recife revela que o excesso de álcool é o mais conhecido desencadeador da doença (94%), seguido das hepatites virais (B e C) também como possíveis causas (56% dos entrevistados). A esteatose, um problema que tem preocupado os médicos nos últimos anos por causa da crescente onda de obesidade no mundo, também é pouco conhecida pelos recifenses.

“A esteatose é uma das principais causas de câncer de fígado e ela acontece quando o paciente apresenta gordura depositada no órgão. Isso pode gerar diversos processos inflamatórios e levar a doenças como a esteato-hepatite, que também pode causar a cirrose. Todas essas doenças são fatores de riscos para o câncer de fígado e podem ser evitadas com hábitos de vida saudável e, claro, combate à obesidade por meio de dietas e exercícios”, diz o médico.

Para a pesquisa, foram ouvidas 1,5 mil pessoas, homens e mulheres de 18 a 65 anos, em cinco capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília e Recife.

Saiba mais

A suspeita do câncer de fígado geralmente só desponta em estágios mais avançados da doença, mas às vezes pode aparecer mais cedo. Os sinais e sintomas do câncer de fígado, segundo o Instituto Oncoguia, podem incluir:

Perda de peso

Falta de apetite

Sensação de plenitude na parte superior do abdome, após uma refeição leve

Náuseas

Vômitos

Febre

Fígado aumentado

Baço aumentado

Dor abdominal

Inchaço ou acúmulo de líquido no abdome

Coceira

Icterícia (pele e mucosas amareladas)

Veias da barriga dilatadas e visíveis através da pele

Agravamento da hepatite crônica ou cirrose

* A repórter viajou a convite da Bayer