O Milagre da Manhã funciona? Técnica mostra como acordar cedo pode beneficiar a saúde

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 21/05/2018 às 16:51
Segundo autor, o milagre da manhã gira, em grande parte, em torno de recriar a experiência de acordar (Foto: Luiz Pessoa/JC Imagem)
Segundo autor, o milagre da manhã gira, em grande parte, em torno de recriar a experiência de acordar (Foto: Luiz Pessoa/JC Imagem) FOTO: Segundo autor, o milagre da manhã gira, em grande parte, em torno de recriar a experiência de acordar (Foto: Luiz Pessoa/JC Imagem)

Quem está mergulhado nas redes sociais certamente já deve ter passado a vista em algum conteúdo que conduz à técnica do empresário e palestrante Hal Elrod. Autor do livro O Milagre da Manhã (Editora BestSeller, 196 páginas), ele propõe um desafio que promete aumentar a produtividade, expandir a concentração e aprimorar a vida pessoal e profissional. A ideia sugerida é que o leitor acorde cedo para colocar o desenvolvimento pessoal como prioridade. Ou seja, sentir os primeiros raios de sol do dia, deixá-los entrar pela janela e começar a seguir um programa de atividades matinais (inclui leitura, prática de meditação, exercícios físicos e afirmação de frases motivadoras) podem ser salutar para o ser humano.

E aí, vem a pergunta: todo esse enredo soa como autoajuda? A resposta vai além, pois essa ‘filosofia’ pode ser um caminho que tem levado ao autoconhecimento. Analisar nossos sentimentos e comportamentos é valioso num momento em que a rotina frenética limita o tempo para refletirmos sobre as nossas atitudes, que devem ser adaptadas para reduzirmos o estresse e termos segurança para superar adversidades. “O milagre da manhã gira, em grande parte, em torno de recriar aquela experiência de acordar, sentindo-se energizado e empolgado, e fazer isso todos os dias, pelo resto da vida”, diz Hal Elrod.

Leia também:

Mindfulness: Conheça técnicas de meditação e respiração para afastar o estresse e ter mais foco em 2017

Tem pavor de ficar sem o celular por perto? Essa dependência se chama nomofobia; saiba como controlar

Aos 20 anos, em 1999, o autor foi vítima de um motorista com sinais de embriaguez. Ficou em coma, teve 11 ossos fraturados e foi desacreditado pelos médicos de que voltaria a andar. Com o intuito de encontrar forças para recomeçar a vida, Hal seguiu o que um amigo propôs: acordar cedo pra correr. Pouco adepto da rotina matinal, tentou e se surpreendeu com os resultados. E foi assim que um círculo virtuoso (série de acontecimentos positivos) passou a ser percorrido por Hal. Para ele, manhãs pouco concentradas e produtivas geram dias improdutivos. “Não há desculpas legítimas para você não superar quaisquer limitações que o impediram de conquistar tudo que deseja pra si. Nenhuma. Zero. Nada”, escreve.

Antes mesmo de os preceitos de Hal terem sido compilados em livro, a ciência já reconhecia que o hábito de acordar cedo proporciona uma vida feliz e saudável, em comparação aos adeptos da vida noturna. Em 2012, um estudo produzido por pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, revelou que quem se levanta cedo costuma ser mais feliz e saudável do que os adeptos da noite. A explicação é que as pessoas noturnas e que acordam no fim da manhã, em vez de levantarem da cama antes das 8h, podem ter mais dificuldade para seguir a faixa de horário em que boa parte da sociedade está na ativa.

"Mais importante do que levantar no início da manhã é ter um sono que alcança a fase REM (sigla em inglês para ‘movimentos rápidos dos olhos’). É um período em que a pessoa mais descansa, o que leva a um acordar com disposição", diz o neurologista Carlos Frederico Lima (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)

O fato de acordar cedo também controla, no organismo, os níveis de cortisol – um hormônio cujo pico de produção é atingido por volta das 8h e que é capaz de nos deixar mais ativos. “O cortisol pode levar a pessoa a ficar mais atenta e desperta. Por isso, muitas pessoas que se levantam no início da manhã relatam sentir disposição para se tornarem produtivas ao longo do dia”, explica o neurologista Carlos Frederico Lima, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), em Santo Amaro, área central do Recife.

O médico, contudo, deixa bem claro que a sensação de bem-estar e produtividade não pode ser associada apenas ao fato de dormir e acordar cedo. “É preciso que as horas de sono sejam bem dormidas. Isso varia de pessoa para pessoa. Aos poucos, cada um vai descobrindo a necessidade de horas na cama”, salienta Carlos Frederico, em referência à máxima de que, quando se trata de saúde, o melhor é nos libertarmos de regras e considerarmos as nossas particularidades, sem desrespeitar o equilíbrio entre o bem-estar físico e mental.