Gripe: só 17,2% do público-alvo em PE tomaram vacina contra a doença; Dia D da campanha será no sábado

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 09/05/2018 às 9:47
Meta é vacinar pelo menos 90% de cada um dos grupos prioritários (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)
Meta é vacinar pelo menos 90% de cada um dos grupos prioritários (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem) FOTO: Meta é vacinar pelo menos 90% de cada um dos grupos prioritários (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)

Os novos dados relacionados ao adoecimento pelos vírus da gripe, em Pernambuco, foram divulgados, na terça-feira (8), paralelamente ao lembrete da Secretaria Estadual de Saúde (SES) sobre o Dia D da Campanha de Vacinação contra a Influenza, que acontecerá no próximo sábado (12), quando cerca de 5 mil pontos de vacinação recebem a população inclusa nos grupos prioritários para se imunizar contra a doença. No Estado, 2.399.361 pessoas estão aptas a participar da campanha, que vai até 1º de junho. Mas, até o momento (ou seja, 15 dias após o início da campanha), apenas 17,2% do público-alvo foram vacinados.

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A campanha de vacinação contra a influenza é voltada para idosos, crianças de 6 meses a menores de 5 anos (4 anos, 11 meses e 29 dias), gestantes, puérperas (mulheres até 45 dias após o parto), trabalhador de saúde, professores, povos indígenas, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional. Também contempla pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais: doença respiratória crônica, cardíaca crônica, renal crônica, hepática crônica, neurológica crônica; diabetes, imunossupressão, pessoas com obesidade, trissomias e que passaram por transplante.

Em doenças agudas febris moderadas ou graves, recomenda-se adiar a vacinação até a resolução do quadro. As pessoas com história de alergia a ovo, que apresentem apenas urticária após a exposição, podem receber a vacina da influenza mediante adoção de medidas de segurança. A vacina é contraindicada para pessoas com história de reação anafilática prévia em doses anteriores bem como a qualquer componente da vacina ou alergia comprovada grave relacionada a ovo de galinha e seus derivados.

Terceira morte

O anúncio do terceiro caso este ano, em Pernambuco, de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por H1N1 que foi a óbito acontece num momento em que a curva de adoecimento pelo vírus, nas formas graves e leves, tem crescido. Entre os 60 casos de gripe no Estado, mais da metade (61%) estão associados à infecção pelo H1N1, vírus que não foi notificado oficialmente, em 2017, em território pernambucano – e essa é uma hipótese capaz de explicar por que a população está mais suscetível a adoecer por esse agente. Os novos números de influenza estão no boletim, divulgado na terça-feira (8), pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), que considera dados até o dia 28 de abril.

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“Com base nas informações que temos até o momento, consideramos que a terceira morte registrada é um exceção. O paciente era aparentemente saudável, e não havia registro de que ele tinha fatores de risco para agravamento decorrente da gripe”, frisa o epidemiologista George Dimech, diretor-geral de Controle de Doenças Transmissíveis da SES. A partir desse depoimento, questiona-se o que pode provocar o óbito em casos como esse. “As pessoas com condições e fatores de risco para problemas decorrentes da gripe são aquelas com maior possibilidade para ter o quadro agravado. Mas isso não significa que outras pessoas, sem doenças crônicas, por exemplo, estejam isentas de apresentar complicações”, explica George.

O terceiro óbito, ocorrido no dia 2 de abril, associado ao H1N1 é de um homem de 41 anos, morador de Barreiros (município da Mata Sul de Pernambuco) e que estava internado no Hospital Regional de Palmares, cidade vizinha. Segundo ressalta George Dimech, algumas pessoas podem evoluir para um quadro grave de gripe por condições de saúde pontuais, e não necessariamente pela presença de uma ou mais doenças crônicas. “Quem passa por uma fase de uma queda da imunidade pode apresentar uma baixa na resposta do o organismo à infecção”, acrescenta.

A confirmação de mais uma morte de paciente com SRAG por H1N1 é divulgada num momento em que os atendimentos este ano de síndrome gripal (casos leves de infecção por vírus respiratórios, incluindo H1N1, H3N2 e influenza B) ultrapassam o número do mesmo período do ano passado. Apenas em quatro unidades sentinelas (três no Recife e uma em Jaboatão dos Guararapes), já foram feitos 11.109 atendimentos por síndrome gripal este ano (foram 10.753 em 2017). Como essas unidades fazem só algumas coletas de amostras dos pacientes para identificar os vírus em circulação no Estado, não se pode dizer que esse número representa o total das pessoas que adoeceram pelos vírus da gripe. Ou seja, esse universo é bem maior, considerando que os postos de saúde e os serviços particulares também têm recebido pacientes com sintomas de síndrome gripal.