Hospital Mestre Vitalino ganhará centro de oncologia para ampliar acesso a tratamento contra o câncer em PE

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 17/04/2018 às 10:27
Mestre Vitalino disponibilizará 30 leitos voltados para o tratamento contra o câncer (Foto: Divulgação)
Mestre Vitalino disponibilizará 30 leitos voltados para o tratamento contra o câncer (Foto: Divulgação) FOTO: Mestre Vitalino disponibilizará 30 leitos voltados para o tratamento contra o câncer (Foto: Divulgação)

O Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, município do Agreste de Pernambuco e sede da Regional de Saúde da qual faz parte Tacaimbó (município do Agreste de Pernambuco onde o câncer é a primeira causa de morte), habilitará este ano um centro de oncologia (ambulatório oncológico e central de quimioterapia), com investimento de mais de R$ 1,4 milhão. A informação é da Secretaria Estadual de Saúde (SES). A implantação do centro de oncologia, segundo o governo, reduzirá o deslocamento dos pacientes que moram no Agreste, pois serão disponibilizados 30 leitos para quem precisar de tratamento oncológico.

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Na unidade Mestre Vitalino, será feita a aplicação de quimioterapia nos pacientes, que poderão ser liberados para voltar para casa (após o procedimento) ou permanecer, se necessário, em um dos 30 leitos do setor de oncologia. Com o novo prédio, a unidade também passará a realizar cirurgias oncológicas e será referência para a população de 53 municípios do Agreste pernambucano.

A SES ainda acrescenta que o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), nos Coelhos, Centro do Recife, está habilitado pelo Ministério da Saúde como Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon). Outros nove estabelecimentos estão certificados como Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon). Nessas unidades, são realizadas cirurgias oncológicas, quimioterapia e radioterapia (própria ou contratada).

Sobre o encaminhamento dos pacientes para a rede referenciada, após consultas na atenção primária, o paciente com suspeita de câncer, pode ser direcionado para as Unidades Pernambucanas de Atenção Especializada (UPAEs). Se for confirmada a doença, é feito encaminhamento para hospitais de referência.

Avanço das mortes por câncer

Nem doenças cardiovasculares nem infecções respiratórias. O que mais mata em Tacaimbó, município do Agreste de Pernambuco, é o câncer. É a única cidade, no Estado, onde os tumores já representam a primeira causa de óbito, na frente do infarto e do acidente vascular cerebral, conhecidos como responsáveis pela maior fatia das mortes no mundo. O levantamento inédito, divulgado na segunda-feira (16), é feito com base nos números oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade de 2015 – último período com estatísticas disponíveis. Os dados foram analisados pelo Observatório de Oncologia do movimento Todos Juntos contra o Câncer, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

"Pacientes do SUS têm dificuldade de acesso a medicação inovadora. Isso também se reflete na mortalidade", diz a oncologista Cristiana Tavares (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)

O estudo revela ainda que outros 515 municípios brasileiros já têm o câncer como principal causa de morte. O número corresponde a aproximadamente 10% de todas as cidades no País. O levantamento reforça que todos os tipos da doença avançam a cada ano, o que leva a inferir que as neoplasias serão as responsáveis pela maioria dos óbitos no Brasil em pouco mais de uma década.

Já em Tacaimbó (cuja população é de 12.853 habitantes), entre os 93 óbitos, 20 foram por câncer, representando uma taxa de 22% de mortes pelos tumores. O município é um dos 32 que integram a 4ª Regional de Saúde de Pernambuco (com sede em Caruaru, também no Agreste), que coordena a rede de atenção para garantir o acesso da população aos serviços de saúde.

“No Centro de Oncologia de Caruaru, recebemos pacientes de Tacaimbó, que fica a cerca de 40 minutos da unidade de saúde. Há um convênio com o SUS (Sistema Único de Saúde), e são oferecidos radio e quimioterapia aos pacientes do centro, que é uma Unacon (sigla para Unidade de Assistência de Alta Complexidade)”, informa a oncologista Cristiana Tavares, que também é chefe do Centro de Oncologia (Ceon) do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), em Santo Amaro, área central do Recife.

Para a oncologista Cristiana Tavares, o aumento do número de mortes por câncer pode ser explicado por diversos fatores, como o diagnóstico tardio dos tumores para a maioria da população com a doença e a demora para se realizar exames que analisam o tipo de câncer. “Em média, entre o resultado de uma mamografia (com nódulo suspeito) até a realização de uma biópsia, não se passam menos de dois meses. Esse tempo, em que o paciente já deveria estar em tratamento, só faz atrasar a assistência”, frisa.

A coordenadora do Todos Juntos contra o Câncer e presidente e da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), Merula Steagall, concorda que o aumento da mortalidade pela doença, em todo o País, está relacionado também a dificuldades enfrentadas pelo paciente para o diagnóstico e para o acesso ao tratamento. “Diversos tipos de câncer são evitáveis e outros têm o risco de morte significativamente reduzido quando diagnosticado precocemente”, destacou Merula Steagall, na segunda-feira (16), durante a apresentação do levantamento.