PE registra mais de 3 mil casos de síndrome gripal nos três primeiros meses de 2018

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 24/03/2018 às 10:03
Até o início de março deste ano, foi identificado em Pernambuco o vírus da influenza B, segundo informa a Secretaria Estadual de Saúde (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)
Até o início de março deste ano, foi identificado em Pernambuco o vírus da influenza B, segundo informa a Secretaria Estadual de Saúde (Foto: Diego Nigro/JC Imagem) FOTO: Até o início de março deste ano, foi identificado em Pernambuco o vírus da influenza B, segundo informa a Secretaria Estadual de Saúde (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)

A chegada do outono traz sempre um alerta em relação à temporada de vírus respiratórios, como os da gripe, responsável por uma epidemia nos Estados Unidos mais severa do que a pandemia de H1N1 ocorrida em 2009. Apesar de a doença chegar mais tarde ao Hemisfério Sul, unidades de saúde já monitoram o cenário dos vírus em Pernambuco. Este ano, até o último dia 3, foram registrados mais de 3 mil casos de síndrome gripal, caracterizada por quadros leves de infecção pelos vírus respiratórios que são analisados para se diagnosticar os agentes em circulação. Até o momento, foi identificado em Pernambuco o vírus da influenza B, segundo informa a Secretaria Estadual de Saúde (SES).

O achado, contudo, não descarta a possibilidade de circulação dos outros vírus da gripe (H1N1 e H3N2, por exemplo) no Estado, de acordo com a sanitarista Ana Antunes, gerente de Prevenção de Doenças Imunopreveníveis da SES. “Ainda aguardamos o resultado de amostras (de secreções respiratórias dos pacientes) que foram enviadas para o laboratório do IEC (sigla para Instituto Evandro Chagas, no Pará)”, diz Ana.

Ela acrescenta que o monitoramento dos casos indicou que este ano já houve duas semanas epidêmicas e outras duas de alerta para a síndrome respiratória aguda grave – condição conhecida pela sigla SRAG e caracterizada pela internação de pacientes com febre, tosse ou dor de garganta associado a desconforto respiratório. “Vale salientar que nada se assemelha à situação dos Estados Unidos, onde a letalidade e gravidade dos casos de H3N2 (variante da influenza que mais circulou em Pernambuco em 2017) chamam a atenção este ano”, acrescenta Ana Antunes.

"O influenza B tem potencial de gravidade como os tipos de influenza H1N1 e H3N2. Por isso, devemos sempre reforçar a importância de os grupos de risco não deixarem de se vacinar quando começar a mobilização para a imunização", diz a sanitarista Ana Antunes, da Secretaria de Saúde de Pernambuco (Foto: Fernando da Hora/Acervo JC Imagem)

A sanitarista recorda que 2013 foi o último ano em que as consequências do influenza B, que faz parte da composição da vacina contra gripe, foram mais frequentes. “Naquele ano, registraram-se 13 casos de SRAG pelo vírus, em comparação com 9 de H1N1 e 6 de H3N2.”

Já em todo o ano passado, os casos de complicação da gripe chegaram a 70 pelo H3N2, e o influenza B também foi responsável por levar a casos graves da doença, causando o internamento de 34 pessoas. “Ou seja, o B tem potencial de gravidade como os tipos de influenza H1N1 e H3N2. Por isso, devemos sempre reforçar a importância de os grupos de risco (para complicações da gripe) não deixarem de se vacinar quando começar a mobilização para a imunização”, reforça Ana Antunes.

A previsão é que a 20ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza ocorra entre 16 de abril e 25 de maio de deste ano. O público-alvo representará aproximadamente 60 milhões de pessoas (desse universo, 2,4 milhões são em Pernambuco). A meta é vacinar, pelo menos, 90% dos grupos elegíveis para a imunização.

No Estado, a síndrome gripal é monitorada em quatro unidades sentinelas. Três são na capital pernambucana (Hospital Pediátrico Maria Cravo Gama, Policlínicas Amaury Coutinho e Professor Arnaldo Marques) e uma em Jaboatão (Hospital Jaboatão Prazeres), no Grande Recife.

SAIBA MAIS

Síndrome gripal

Pode ter diferentes causas. Entre elas, a infecção pelos vírus influenza, parainfluenza, adenovírus ou vírus sincicial respiratório. Tem como principais características febre de início súbito, acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos sintomas: dor muscular, dor de cabeça ou dor em articulações

Dados em Pernambuco (até março)

2017: 3.664 casos

2018: 3.051 casos

Síndrome respiratória aguda grave (SRAG)

Considerada uma das complicações mais sérias da gripe e de outros vírus respiratórios. O paciente apresenta febre, tosse e desconforto respiratório, o que exige internação hospitalar

Dados em Pernambuco (até março)

2017: 201 casos

2018: 116 casos

Prevenção 

- Cobrir o nariz e a boca com lenço ao tossir ou espirrar. Descartar o lenço no lixo após uso

- Lavar as mãos com água e sabão após tossir ou espirrar

- Na ausência de água e sabão, usar álcool em gel

- Evitar tocar olhos, nariz ou boca

- Evitar contato próximo com pessoas doentes

Fontes: Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde de Pernambuco