Brasil relata forte aumento de casos de febre amarela

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 21/02/2018 às 11:57
A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da febre amarela, mas nem todos podem ser imunizados (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)
A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da febre amarela, mas nem todos podem ser imunizados (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem) FOTO: A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da febre amarela, mas nem todos podem ser imunizados (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)

Da AFP

O Brasil, epicentro do surto de febre amarela que afeta regiões das Américas há dois anos, notificou um forte aumento de casos em janeiro, em particular perto de São Paulo e Rio de Janeiro, anunciou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) na terça-feira (20). "Durante as primeiras quatro semanas de 2018 foi observado um aumento exponencial do número de casos confirmados de febre amarela", declarou a Opas em sua mais recente atualização epidemiológica sobre a doença. "Os casos reportados nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro ultrapassam significativamente o notificado no período sazonal anterior, 2016-2017, com casos registrados em áreas próximas às grandes cidades", acrescentou.

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A Opas, organismo regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse que, entre 1º de julho de 2017 e 15 de fevereiro de 2018, foram reportados no Brasil 409 casos humanos confirmados de febre amarela, incluindo 118 mortes. O Estado mais atingido foi São Paulo (183 casos, incluindo 46 óbitos), seguido por Minas Gerais (157; 44), Rio de Janeiro (68; 27) e Distrito Federal (um óbito).

Também foram notificados no Brasil casos confirmados de febre amarela em dois viajantes europeus não vacinados que estiveram em municípios considerados de risco por evidência prévia de circulação da doença.

Aedes aegypti não envolvido

A febre amarela é uma doença viral aguda transmitida em zonas florestais pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes, que atinge principalmente os primatas não humanos. Acidentalmente, os humanos acabam infectados por picadas de mosquitos portadores do vírus.

Em áreas urbanas, o vetor da febre amarela é o mosquito Aedes aegypti, mas a Opas negou por enquanto casos humanos causados por esse mosquito. "Até esta data, não há evidências de que o Aedes aegypti esteja envolvido na transmissão", declarou.

Segundo o último boletim, os locais prováveis de infecção de todos os casos confirmados correspondem a áreas com ocorrências documentadas de febre amarela em primatas não humanos. Entretanto, disse que o Brasil informou da detecção do vírus da febre amarela em mosquitos Aedes albopictus, um tipo próprio de áreas periurbanas.

As áreas com maior incidência de casos confirmados no Brasil são os municípios de Mairiporã (a 15 quilômetros de São Paulo), Teresópolis (a 96 quilômetros do Rio de Janeiro) e os que se localizam a sul e a sudeste de Belo Horizonte, onde não haviam sido detectados casos humanos no período de 2016-2017.