Governo do Rio alerta para transmissão de chicungunha no Carnaval

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 06/01/2018 às 18:31
Aedes aegypti transmite chicungunha, zika e dengue (Foto ilustrativa: Pixabay)
Aedes aegypti transmite chicungunha, zika e dengue (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Aedes aegypti transmite chicungunha, zika e dengue (Foto ilustrativa: Pixabay)

Da Agência Brasil 

Junto com o verão, a estação mais celebrada do ano, chega ao Rio de Janeiro um pesadelo: a alta proliferação do mosquito Aedes aegypti. O inseto é transmissor da dengue, da zika e da chicungunha, doenças que debilitam e podem deixar sequelas graves. Neste 2018, o governo está em alerta para uma epidemia de chicungunha. A orientação é reforçar a eliminação de criadouros dentro e ao redor de casa.

Leia também:

Risco de morte por chicungunha chega a ser 10 vezes maior do que pela dengue, diz estudo

"Estamos chegando agora no período de maior risco de transmissão, que no Rio de Janeiro ocorre no final de fevereiro, nos meses de março e abril e é, portanto, que este mês de janeiro, agora, é fundamental para que as ações (de prevenção) sejam intensificadas", disse o subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado do Rio, Alexandre Chieppe. "A população do Rio não tem imunidade para o vírus chicungunha. Portanto, é um vírus que preocupa."

O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Rivaldo Venâncio explica que o Rio tem todas as características que favorecem o Aedes. A reprodução do mosquito depende do calor, comum no verão, assim como chuvas e temporais. É que as larvas do mosquito precisam da água para se desenvolver. O médico infectologista faz coro ao programa que incentiva pessoas a tirarem dez minutos para eliminar focos em casa, em pratos de plantas e no lixo.

Depois de um período de estabilidade, Venâncio alerta que a população não está livre da dengue, mas tem uma imunidade maior. Como a dengue já circulou no Estado, principalmente os tipos 1 e 4, a tendência é que crianças sejam as mais afetadas. A zika também merece cautela, lembra. "É muito cedo para dizer que não teremos mais uma epidemia. Tem muita gente com zika sendo diagnosticada com dengue", denuncia, preocupado com falhas na atenção básica, por conta de cortes no orçamento da saúde.

Também pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira explica que a transmissão das arboviroses ocorre quando o mosquito pica uma pessoa infectada e depois uma outra, passando a doença. "Por isso, em uma epidemia, a chance de o vírus se espalhar é maior." Ele coordena, no Rio, um projeto que libera mosquitos infectados com a bactéria wolbachia, inofensiva ao homem, mas que impede a transmissão dos vírus pelo Aedes.

No Rio, a prefeitura disse que espera taxas de infecção menores que as de 2017 e monitorará, por meio eletrônico, os logradouros com possíveis focos do inseto.

No ano passado, 3 mil pessoas tiveram dengue, 1,5 mil chicungunha e cerca de 600, zika. "A incidência das doenças foi baixa e pretendemos que permaneça assim", disse o prefeito Marcello Crivela.

Já em todo o estado foram notificados 3 mil casos suspeitos de chicungunha, 4 mil de zika e 10 mil de dengue. Os números, pela análise da Secretaria Estadual de Saúde, representam um cenário de baixa transmissão. No auge da epidemia de dengue, por exemplo, as notificações de doentes ultrapassaram 250 mil casos, segundo lembrou o subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado do Rio, Alexandre Chieppe.

Para lidar com o risco de uma epidemia de chicungunha, o subsecretário garantiu que postos de saúde e hospitais da rede estadual estão preparados. Segundo Chieppe, municípios prepararam planos de contingência, com ações de assistência, em casos de emergência.