Menos da metade dos infectados por HIV e tuberculose tomam antirretroviral no Brasil

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 02/01/2018 às 13:56
O HIV ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças (Imagem: Reprodução/Internet)
O HIV ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças (Imagem: Reprodução/Internet) FOTO: O HIV ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças (Imagem: Reprodução/Internet)

Da Agência Brasil

Apenas 41,8% dos pacientes de tuberculose com coinfecção por HIV fazem uso da terapia antirretroviral (TARV) no País, enquanto no mundo o percentual foi de 85%, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Quando associadas e não tratadas, as duas infecções podem provocar outras doenças e diminuir a sobrevida do paciente. Pessoas que vivem com HIV/aids no Brasil estão 28 vezes mais propensas a desenvolver a tuberculose, uma das doenças que mais matam no mundo e que ocupa a nona posição no ranking geral de mortes no mundo.

As informações constam do último relatório global da tuberculose elaborado pela OMS e divulgado no fim de 2017. Segundo o documento, o Brasil está entre os 20 países com a maior carga de pessoas com tuberculose e infectadas com o vírus HIV. Em 2016, além do Brasil, outros cinco países tinham menos de 50% dos pacientes infectados pelas duas doenças em tratamento antirretroviral: Congo, Gana, Guiné-Bissau, Indonésia e Libéria.

Leia também:

Aids: Recife é uma das primeiras capitais a receber remédio que previne HIV

Aids: na contramão do tratamento, PE não reduz taxa de mortalidade pela doença desde 2012

“Quando se está com HIV sem tratamento, o HIV vai destruindo a imunidade no corpo da pessoa e abre as portas para a tuberculose, tanto para pessoa se contaminar com o bacilo da tuberculose, quanto para, uma vez contaminada, desenvolver a doença da tuberculose”, explica o infectologista Rafael Sacramento, integrante da organização Médico sem Fronteiras.

No Brasil, a tuberculose é a principal causa de morte de pacientes que vivem com o vírus da imunodeficiência humana. De acordo com o mais recente panorama de mortalidade da tuberculose disponível no País, seis em cada dez das pessoas que morreram por HIV em 2014 tinham tuberculose como causa associada do óbito.

A OMS estima que ocorreram, em 2016, cerca de 1,3 milhão de mortes no mundo por tuberculose entre pacientes não infectados pelo vírus HIV e 374 mil mortes entre os soropositivos, o que corresponde a uma média de mil mortes por dia. No Brasil, no mesmo ano, foram mais de 5 mil mortes por tuberculose e quase 2 mil pela coinfecção tuberculose e HIV.

“Os desfechos [do tratamento da tuberculose], quando a pessoa tem HIV, são muito ruins, porque continua tendo muito óbito. Tem um percentual de óbito, um percentual de perda de acompanhamento ou abandono e um percentual de falha, o que faz com que o tratamento não tenha uma eficiência boa”, relata a pesquisadora Valeria Rolla, coordenadora do laboratório de micobacterioses da Fundação Oswaldo Cruz.

A OMS ressalta que a maioria das mortes por tuberculose pode ser prevenida com diagnóstico precoce e tratamento adequado. A organização calcula que, entre os anos 2000 e 2016, foram evitadas 53 milhões de mortes de pessoas que foram diagnosticas e tratadas com sucesso no mundo.