Zika: EUA e Fundação Altino Ventura acompanham os próximos 5 anos de 200 crianças acometidas pelo vírus

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 21/11/2017 às 9:55
Microcefalia já não é um um critério necessário para o diagnóstico da síndrome congênita do zika. Por isso, é preciso avaliar com cautela a saúde ocular dos bebês e o desenvolvimento global das crianças nascidas em época de epidemia de zika (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)
Microcefalia já não é um um critério necessário para o diagnóstico da síndrome congênita do zika. Por isso, é preciso avaliar com cautela a saúde ocular dos bebês e o desenvolvimento global das crianças nascidas em época de epidemia de zika (Foto: Diego Nigro/JC Imagem) FOTO: Microcefalia já não é um um critério necessário para o diagnóstico da síndrome congênita do zika. Por isso, é preciso avaliar com cautela a saúde ocular dos bebês e o desenvolvimento global das crianças nascidas em época de epidemia de zika (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)

Depois de comprovarem que a infecção pelo zika na gestação causa lesões oculares graves nas crianças, pesquisadores da Fundação Altino Ventura (FAV) dão um novo passo importante para desvendar dúvidas que ainda persistem em relação aos efeitos de um vírus que impactou a vida de milhares de famílias no Brasil. No próximo mês, a FAV inicia um estudo inédito para analisar sinais de desenvolvimento de 200 pequenos pacientes ao longo dos próximos cinco anos. Nesse período em que se completam pouco mais de dois anos da explosão de casos de síndrome congênita do vírus, cuja manifestação mais expressiva é a microcefalia, é preciso compreender conquistas, comprometimentos e atrasos das crianças em relação a funções motora e sensorial, linguagem, alimentação, sono e sensibilidade à dor.

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“Em dezembro, será feita a seleção das crianças para, em janeiro, iniciarmos a coleta de dados”, informa a oftalmopediatra Liana Ventura, presidente da FAV, que participou do 14º Congresso do Fogarty International Center, que terminou na sexta-feira em Washington (EUA). Na ocasião, ela e a oftalmologista Camila Ventura, ao lado da psicóloga Anne Wheeler (da instituição filantrópica Research Triangle Institute, RTI), apresentaram o projeto, que terá como parceiro o governo americano, através do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês).

Participarão do estudo, segundo Liana Ventura, 200 crianças a partir dos 18 meses de vida e que recebem acompanhamento no Centro Especializado em Reabilitação (CER) da FAV, no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife. Elas serão avaliadas, a cada semestre, até o ano de 2022. “Esse projeto de pesquisa é pioneiro e inovador, com iniciativa para pesquisa no campo do neurodesenvolvimento infantil e das consequências das crianças que vivem com a síndrome congênita do zika vírus. A pesquisa vai permitir um melhor planejamento das estratégias de saúde pública para melhorar a qualidade de vida das famílias”, destaca a oftalmopediatra.

Nos Estados Unidos, Liana e Camila Ventura (da dir. para esq., respectivamente) apresentaram projeto de acompanhamento das crianças com zika congênita acompanhadas pela FAV (Foto: Divulgação)

Também nos Estados Unidos, a oftalmologista Camila Ventura, coordenadora do Departamento de Investigação Cientifica da FAV, participou este mês do TEDMED, conferência anual que reúne especialistas de todo o mundo para debater temas de impacto na saúde. “Foi uma honra dividir com o mundo a nossa experiência de dois anos com a síndrome congênita do zika. A responsabilidade foi enorme, pois estava representando todos os nossos pequenos heróis, as suas famílias e a nossa equipe multidisciplinar da Fundação Altino Ventura.”

Em sua apresentação durante o TEDMED, Camila fez uma retrospectiva da história do zika e o quanto a ciência evoluiu para apagar as dúvidas sobre a relação entre o vírus e a zika congênita. “Dei uma maior ênfase à superação das nossas crianças, o avanço que elas têm alcançado e a importância da intervenção precoce nesse processo. A síndrome veio para quebrar paradigmas e ser uma grande lição de vida para todos nós.”

Atualmente a FAV acompanha 285 crianças que foram afetadas pela zika. Acompanhados das famílias, os pequenos pacientes participam de atividades de reabilitação visual, auditiva, motora e intelectual.

Confira galeria de fotos:

Imagem de exposição que a FAV promoveu com os fotógrafos Cláudia Araújo e João Carlos Lacerda - Imagem de exposição que a FAV promoveu com os fotógrafos Cláudia Araújo e João Carlos Lacerda
Imagem de exposição que a FAV promoveu com os fotógrafos Cláudia Araújo e João Carlos Lacerda - Imagem de exposição que a FAV promoveu com os fotógrafos Cláudia Araújo e João Carlos Lacerda
Imagem de exposição que a FAV promoveu com os fotógrafos Cláudia Araújo e João Carlos Lacerda - Imagem de exposição que a FAV promoveu com os fotógrafos Cláudia Araújo e João Carlos Lacerda
Liana Ventura examina visão de bebê durante um dos mutirões realizados pela FAV (Foto: Fernando da Hora/Acervo JC Imagem) - Liana Ventura examina visão de bebê durante um dos mutirões realizados pela FAV (Foto: Fernando da Hora/Acervo JC Imagem)
Criança em acompanhamento pela FAV (Foto: Guga Matos/JC Imagem) - Criança em acompanhamento pela FAV (Foto: Guga Matos/JC Imagem)