Ferimentos e hematomas, roupas rasgadas ao chegar em casa, pânico na hora de ir para a escola, sono agitado, alterações repentinas no humor e tendência ao isolamento são sinais que podem sugerir que crianças e adolescentes são alvo de bullying. O alerta vem da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
A entidade divulgou, na quarta-feira (8), um guia prático para lidar com situações caracterizadas por agressões verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O documento, elaborado pelo Departamento Científico de Saúde Escolar da SBP, frisa que pais, estabelecimentos de ensino, pediatras e toda a sociedade conheçam o tema para orientar crianças e jovens sobre riscos e consequências de um fenômeno a que não devemos mais permanecer alheios.
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Para a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, a produção desse documento oferece aos pediatras uma importante ferramenta para ajudar na prevenção a casos desse tipo. "Como pediatras, participamos da vida dos pacientes e dos seus familiares em diferentes momentos. Nosso olhar deve estar atento não apenas aos aspectos clínicos, mas também aos fatores socioambientais. Nas consultas, assim, podemos identificar situações de risco e contribuir com orientações aos pais, a crianças e adolescentes sobre como superar as dificuldades, para evitar desfechos trágicos", destaca Luciana.
Para os especialistas, a consolidação de espaços de diálogo entre os adultos e as crianças e adolescentes podem ajudar os mais jovens em seu processo de reforço de autoestima e de adaptação à escola. “Se houve bullying, a família não deve atribuir a culpa ao filho nem minimizar o problema, dizendo que tudo não passa de brincadeira. É importante a busca de parcerias com outras famílias e com a própria escola, para discutir o tema e compartilhar”, alertam as recomendações do guia da SBP.
No caso da criança ou adolescente que pratica atos de agressão contra os colegas, a SBP pede que os pais e responsáveis não ignorem a situação, busquem respostas para os motivos do comportamento e não demonstrem que não aprovam as atitudes relatadas. Os pediatras também orientam os adultos a não usarem a violência como forma de resolução dos problemas. Os especialistas orientam a “incentivar o filho a falar de seus problemas e frustrações, buscando soluções positivas junto com ele e a conhecer os amigos e ver se são eles que tendem a influenciar o filho, com o cuidado de não buscar outros culpados e isentá-lo de suas responsabilidades”.
Afinal, combater o bullying é um ato de promoção do bem-estar e que deve estar na pauta da família, da educação e da saúde.