Câncer de próstata: nem sempre é preciso tratá-lo; urologista explica

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 04/11/2017 às 12:45
Novembro Azul é a campanha de conscientização sobre o câncer de próstata
Novembro Azul é a campanha de conscientização sobre o câncer de próstata FOTO: Novembro Azul é a campanha de conscientização sobre o câncer de próstata

Pode soar estranho para o paciente escutar do médico que, após o diagnóstico de câncer de próstata, o melhor é monitorar o tumor, sem fazer uso de intervenções terapêuticas, como cirurgia ou radioterapia. No mínimo, vem um sentimento inicial de desconfiança, especialmente porque culturalmente o câncer tende a ser associado à malignidade e morte. “Homens com a doença geralmente não recebem bem a informação porque, ao saber que tem o tumor, querem tomar logo uma providência (evidente) e seguir um tratamento clássico”, explica o urologista Luiz Henrique Araújo, do Hospital de Câncer de Pernambuco.

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Essa conduta, chamada de vigilância ativa, vem sendo indicada com responsabilidade pelos especialistas porque atualmente, ao se descobrir o câncer de próstata, é possível avaliar a sua agressividade. Nos casos dos tumores de baixo risco, esse monitoramento pode ser tão eficaz (ou até mais) quanto indicar um tratamento como a prostatectomia radical – cirurgia em que é retirada toda a próstata. “Nas situações de vigilância ativa, o paciente é acompanhado de perto com exames seriados capazes de mostrar se houve ou não progressão do tumor”, diz Luiz Henrique, que também é diretor da Sociedade Brasileira de Urologia/Seccional Pernambuco (SBU/PE).

O urologista Luiz Henrique explica que, ao seguir essa conduta, o paciente passa periodicamente pela dosagem do antígeno prostático específico (PSA) no sangue, pelo exame de toque retal e por biópsia a cada um ou dois anos. “Na vigilância ativa, também se indica a ressonância magnética multiparamétrica da próstata, que faz uma avaliação funcional da glândula prostática e verifica se tem algum foco tumoral que não foi identificado nos outros exames convencionais.”

Na quarta-feira (1º), Luiz Henrique participou de programa, na TV JC, sobre o início das ações deste ano relativas ao Novembro Azul (movimento de conscientização sobre o câncer de próstata) e esclareceu os questionamentos sobre a vigilância ativa e outras dúvidas associadas à doença. Para os homens submetidos a esse monitoramento, um tratamento deve ser indicado ser for identificada progressão da doença em pacientes com expectativa de vida superior a 10 anos, segundo a SBU. Essa medida é adotada para poupar pacientes com tumores indolentes das consequências do tratamento.

"Nas situações de vigilância ativa, o paciente é acompanhado de perto com exames seriados capazes de mostrar se houve ou não progressão do tumor", diz Luiz Henrique, diretor da Sociedade Brasileira de Urologia/Seccional Pernambuco (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)

Mesmo com tantos avanços na medicina, cerca de 13 mil homens morrem anualmente em consequência da doença no Brasil. A maioria desses óbitos é decorrente da falta do diagnóstico precoce do tumor, capaz de curar 90% dos casos. Por isso, o rastreamento desse tipo de câncer deve iniciar em homens a partir de 50 anos. Aqueles da raça negra ou com histórico de parentes de primeiro grau com o tumor devem começar a fazer os exames aos 45 anos.