Brasil registra 320 mil mortes súbitas por ano decorrentes de arritmias cardíacas

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 04/11/2017 às 11:24
As arritmias cardíacas, responsáveis por morte súbita, atingem 20 milhões de pessoas no Brasil (Foto ilustrativa: Pixabay)
As arritmias cardíacas, responsáveis por morte súbita, atingem 20 milhões de pessoas no Brasil (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: As arritmias cardíacas, responsáveis por morte súbita, atingem 20 milhões de pessoas no Brasil (Foto ilustrativa: Pixabay)

Em parceria com o Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), entidade médica sem fins lucrativos e afiliada à Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), divulgou em 2009 a primeira pesquisa nacional que relacionou as arritmias cardíacas (manifestação de distúrbio do sistema elétrico do coração, que faz com que as contrações musculares aconteçam fora do compasso) com morte súbita cardíaca: na época, 212 mil pessoas tiveram morte súbita, sendo 90% das causas por arritmia passível de ser tratada. Hoje, essa estimativa subiu para 320 mil mortes súbitas a cada ano.

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"É por isso que a Sobrac realiza ações ao longo do ano e enfatiza o alerta no dia 12 de novembro, data em que reiteramos a importância da educação para a prevenção sobre a doença e como cada um pode manter o coração no ritmo certo", explica a cardiologista Denise Tessariol Hachul, presidente da Sobrac, que faz uma analogia para explicar o assunto: "o ritmo cardíaco é como música: se não obedecer a um compasso regular, não haverá harmonia na circulação do sangue".

Neste ano, a Sobrac comemora 10 anos de sua campanha nacional Coração na Batida Certa, que convoca cardiologistas e demais profissionais de saúde a conscientizarem a população por meio de diversas ações em 12 de novembro (Dia Nacional de Prevenção das Arritmias Cardíacas e Morte Súbita). A campanha, cujo cunho é essencialmente educativo, terá mais de 20 ações, que serão realizadas em diversas cidades de todas as regiões do País.

As ações são públicas e gratuitas, com treinamentos de demonstração para as técnicas de massagem de reanimação cardíaca e uso do desfibrilador externo automático (DEA), aferição de pressão arterial, exames de glicemia, teste de colesterol fracionado e medição da circunferência abdominal.

Saiba mais

Atualmente, estima-se que mais de 20 milhões de brasileiros têm algum tipo de arritmia cardíaca. Entre os diversos tipos da doença, a fibrilação atrial é a arritmia cardíaca mais comum na população mundial. É caracterizada por uma frequência irregular dos átrios e muito rápida do coração. Ocorre quando as câmaras superiores do coração (átrios) não se contraem em um ritmo sincronizado e tremem, fibrilam. O sangue não é bombeado eficientemente ao resto do corpo, causando fraqueza, cansaço e sensações cardíacas desconfortáveis.

A fibrilação atrial é a segunda maior causa de mortes em tudo mundo e está associada ao avanço da idade, acometendo, sobretudo, a população na faixa dos 75 a 80 anos. De forma geral, pode ser tratada com medicação, cardioversão (dispositivos eletrônicos implantáveis) e com procedimentos como ablação por cateter ou ablação cirúrgica. Mas cada caso deve ser avaliado por um arritmologista ou eletrofisiologista, especialistas em arritmias cardíacas.

Vale ainda frisar que há tipos de arritmia cardíaca de alto risco, mas também existem outros tipos benignos, fáceis de conviver e de tratar. A doença pode acometer qualquer indivíduo, de qualquer idade, sexo, etnia e condição sócio, econômica e educacional.

Sob condições normais, em repouso e na atividade leve habitual, a frequência cardíaca (FC) varia na maioria das vezes entre 60 e 100 batimentos por minuto (bpm). Acima de 100 bpm, considera-se taquicardia; abaixo de 60 bpm, bradicardia. Além da bradicardia e da taquicardia, pode ocorrer também a irregularidade dos batimentos – ora normal, ora fora do ritmo.

Tudo o que prejudica o funcionamento normal do coração vem acompanhado de sintomas, como palpitações, sensação de aperto no peito, enjoo, náuseas, desmaios e síncopes. Como consequência, a arritmia pode provocar angina (dor no peito), infarto, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC) e morte súbita.

Confira o site da campanha: www.sobrac.org/campanha.