'Um jaleco não nos dá imunidade a doenças', diz oncologista após vencer o câncer de mama

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 22/10/2017 às 8:52
Riana travou uma batalha contra uma doença que a fez, de oncologista, virar paciente. "Quando a gente tem câncer, o essencial se torna mais visível e palpável aos olhos", frisa (Foto: Bruna Monteiro/Além da Cura/Divulgação)
Riana travou uma batalha contra uma doença que a fez, de oncologista, virar paciente. "Quando a gente tem câncer, o essencial se torna mais visível e palpável aos olhos", frisa (Foto: Bruna Monteiro/Além da Cura/Divulgação) FOTO: Riana travou uma batalha contra uma doença que a fez, de oncologista, virar paciente. "Quando a gente tem câncer, o essencial se torna mais visível e palpável aos olhos", frisa (Foto: Bruna Monteiro/Além da Cura/Divulgação)

Elas têm conhecimento sobre o valor de hábitos saudáveis na prevenção das doenças e dominam as estatísticas sobre o câncer de mama, tumor que tem a maior mortalidade entre as mulheres no mundo. Dominar a ciência, contudo, não confere imunidade às fragilidades do organismo. Em depoimento à jornalista Cinthya Leite, a oncologista Riana Araújo afirma que um jaleco branco não livra profissionais de saúde das doenças e que, como qualquer mulher, enfrentou o câncer com tudo o que a doença envolve: medo, suporte terapêutico, apoio familiar e fé.

"De oncologista, virei paciente"

Acostumada a acompanhar pacientes com câncer, a oncologista Riana Aurea Araújo de Barros, 45 anos, foi surpreendida, na véspera de Natal de 2014, por um dos sinais que chamam a atenção para suspeita de tumor na mama: um sangramento no mamilo. No primeiro dia útil do ano seguinte, submeteu-se à ressonância magnética e biópsia. Ainda em janeiro, passou pela mastectomia, seguida de 17 sessões de quimioterapia. Foi assim, rapidamente, que Riana travou uma batalha contra uma doença que a fez, de oncologista, virar paciente.

“O diagnóstico é sempre um susto. Por mais que essa frase pareça um clichê, é real. Mas não pensei no diagnóstico de câncer como uma sentença de morte. Com o tempo, tudo foi se acomodando e trazendo aprendizados”, relata Riana, que buscou força em ocasiões simples do dia a dia. “Passei a valorizar um abraço dos filhos e um café da manhã ao lado das pessoas que amo. Me senti abençoada por ter apoio de toda a família. Isso tem um peso enorme no tratamento”, acrescenta a médica, que é uma das participantes do Além da Cura (alemdacura.com), projeto cujo objetivo é desmistificar o câncer por meio de relatos de mulheres reunidos num documentário.

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Aos poucos, Riana passou a ver como a doença é um caminho com novas lições e começou a abraçar o lema de que “cada sol que nasce é uma vida nova que começa” – uma máxima que a transmite ensinamentos. “Quando a gente tem câncer, o essencial se torna mais visível e palpável aos olhos”, frisa Riana, que se policiou para não se envolver, como oncologista, com o tratamento que ela seguiu.

“Consegui me controlar a ponto de não procurar mais informações do que já sabia sobre o câncer. Eu me entreguei de coração e alma a tudo o que foi proposto pela minha médica. E assim percebemos que um jaleco branco não nos dá imunidade a doenças”, relata a oncologista, que se tornou uma militante da importância do diagnóstico precoce da doença, capaz de salvar milhares de vidas.