'Eu me despi da cardiologista e me coloquei como paciente', diz médica após luta contra o câncer de mama

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 22/10/2017 às 9:08
De toda a trajetória contra o câncer de mama, ficou um aprendizado para a cardiologista Márcia Cristina: "antes de cuidar (do outro), a gente tem que se cuidar" (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)
De toda a trajetória contra o câncer de mama, ficou um aprendizado para a cardiologista Márcia Cristina: "antes de cuidar (do outro), a gente tem que se cuidar" (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem) FOTO: De toda a trajetória contra o câncer de mama, ficou um aprendizado para a cardiologista Márcia Cristina: "antes de cuidar (do outro), a gente tem que se cuidar" (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)

Elas têm conhecimento sobre o valor de hábitos saudáveis na prevenção das doenças e dominam as estatísticas sobre o câncer de mama, tumor que tem a maior mortalidade entre as mulheres no mundo. Dominar a ciência, contudo, não confere imunidade às fragilidades do organismo. Em depoimento a Cinthya Leite, a médica Márcia Cristina Silva afirma que um jaleco branco não livra profissionais de saúde das doenças e que, como qualquer mulher, enfrentou o câncer com tudo o que a doença envolve: medo, suporte terapêutico, apoio familiar e fé.

"Eu me despi da cardiologista"

Um câncer de mama, descoberto em fevereiro de 2016, após três anos sem realizar a mamografia, fez a cardiologista Márcia Cristina Silva, 45 anos, trocar de lado: abandonou o estetoscópio e o tensiômetro para viver como paciente. “Percebi que era câncer assim que vi as imagens da mamografia. Então, quando a minha amiga médica me deu o resultado, eu já tinha certeza do que seria”, conta Márcia, que relembra o susto que teve de imediato.

“Mas não entrei em desespero porque o momento em que recebi o diagnóstico foi de muito sentimento. Do consultório da minha amiga, fui dar um plantão. Isso foi numa sexta-feira. Na segunda, já fiz uma biópsia, que confirmou o resultado. Foi quando comuniquei ao meu marido sobre o câncer. Pouco mais de 20 dias, eu já estava sendo operada”, conta.

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A cardiologista tinha vários nódulos malignos com calcificações. Passou pela retirada da mama e reconstrução imediata. “A seguir, fiz quimio e radioterapia. Todo o tratamento acabou em agosto do ano passado. Hoje faço hormonioterapia. Será assim por dez anos.” De toda a trajetória contra o câncer de mama, ficou um aprendizado: “antes de cuidar (do outro), a gente tem que se cuidar”. E ela tem transmitido esse recado neste Outubro Rosa. “Se Deus me deu essa perspectiva de ficar curada, não foi à toa”, acrescenta a médica, ao falar sobre o fato de a luta contra o tumor oferecer a oportunidade de se compartilhar informações sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Para seguir o processo terapêutico confiante, Márcia Cristina salienta que entregou todos os passos à médica que a acompanha. “Eu me despi da cardiologista e me coloquei como paciente mesmo. Se eu escolhi uma médica, é porque nela eu confio”, conclui.