'Não devemos ver o câncer de mama como algo maior do que a gente', conta estudante com diagnóstico aos 30 anos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 14/10/2017 às 16:53
Isabel Christina recebeu o diagnóstico de câncer de mama logo após ter feito um ultrassom das mamas, recomendado pela ginecologista (Foto: Guga Matos/JC Imagem)
Isabel Christina recebeu o diagnóstico de câncer de mama logo após ter feito um ultrassom das mamas, recomendado pela ginecologista (Foto: Guga Matos/JC Imagem) FOTO: Isabel Christina recebeu o diagnóstico de câncer de mama logo após ter feito um ultrassom das mamas, recomendado pela ginecologista (Foto: Guga Matos/JC Imagem)

Isabel Christina de Souza Muniz, 32 anos, estudante e assistente administrativa, em depoimento a Cinthya Leite

Estava fazendo, aos 30 anos, exames de rotina quando descobri o câncer de mama, logo após ter passado por um ultrassom das mamas, recomendado pela ginecologista. Durante o procedimento, a médica já identificou alterações suspeitas. Então, o laudo já sugeria a realização de uma mamografia, que fiz logo em seguida e atestou microcalcificações com características irregulares. Levei os exames para um mastologista, que solicitou uma biópsia. O resultado, que saiu em 17 de novembro de 2015, dois meses após o ultrassom que levantou uma suspeita, revelou o câncer.

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Nesse processo (entre o diagnóstico e o tratamento), fui a um oncologista que me orientou, acalmou e explicou que faria quimioterapia antes da cirurgia, a fim de reduzir a extensão do câncer. Foram, ao todo, 14 sessões entre 29 de dezembro de 2015 e 10 de maio de 2016. Em junho, passei pela mastectomia radical (retirada de toda a mama esquerda). Em agosto, comecei a radioterapia, que terminou em novembro. Atualmente estou em tratamento com hormonioterapia, que vai durar dez anos.

Confesso que, para mim, foi uma surpresa a forma como reagi ao diagnóstico e ao tratamento. Claro que, no dia em que descobri estar com câncer de mama, desabei. Mas vi que não poderia fraquejar naquele momento, especialmente para a minha família não sofrer e me ajudar ao longo de todo o processo. Era uma ajuda mútua.

Na sala de espera de um consultório, conheci uma mulher da minha idade, também com tumor na mama, que tirou 80% de todos os meus medos e dúvidas. Segui o tratamento e tudo foi caminhando bem. Aprendi que não devemos ver o câncer como algo maior do que a gente. É um problema de saúde como outro qualquer, que tem tratamento e oferece chances de cura. Pensar assim me ajudou a seguir em frente, a não deixar de trabalhar nem de estudar. Agradeço muito por ter tido a oportunidade de ter feito um ultrassom de rotina, capaz de ter me levado ao diagnóstico e ao tratamento para que eu possa continuar alimentando sonhos.