Mundo tem mais de 100 milhões de crianças com obesidade; cenário preocupa especialistas

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 02/10/2017 às 15:10
Uma criança obesa acumula risco de desenvolver mais doenças crônicas (Foto ilustrativa: Pixabay)
Uma criança obesa acumula risco de desenvolver mais doenças crônicas (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Uma criança obesa acumula risco de desenvolver mais doenças crônicas (Foto ilustrativa: Pixabay)

Pesquisa publicada no periódico britânico The New England Journal of Medicine (NEJM), em julho deste ano, estimou que existem 107,7 milhões de crianças com obesidade no mundo. Para médico nutrólogo Carlos Alberto Nogueira de Almeida, coordenador da área de nutrologia pediátrica da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), a obesidade é uma doença que traz impactos imediatos, e não apenas futuros. "Uma criança obesa acumula risco de desenvolver mais doenças crônicas. Observamos um aumento gradativo de hipertensão arterial, esteatose hepática não alcoólica (gordura no fígado) e uma resistência insulínica muito grande. A previsão é de que, em 2025, a população mundial de crianças obesas chegue a 20%", disse o nutrólogo, durante o 21º Congresso Brasileiro de Nutrologia, que terminou no sábado (30), em São Paulo.

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Um levantamento realizado na Ucrânia, também neste ano, mostrou que uma pessoa que foi obesa na infância tem uma queda na capacidade de trabalho de 5,2 vezes quando adulta, um aumento de 8,1 vezes no risco de doenças respiratórias, 7,7 vezes mais propensão a desenvolver risco de dermatite alérgica e 3,4 vezes mais risco de hipertensão arterial. Outro estudo, realizado na Coréia do Sul, com mais de 1,5 mil crianças, avaliou que há um risco quase 27 vezes maior de uma criança obesa desenvolver uma comorbidade como dislipidemia (colesterol alto), resistência insulínica e apneia obstrutiva do sono.

O ideal, de acordo com Nogueira, é olhar de maneira séria para a obesidade infanto-juvenil. "O principal erro dos pais é trazer os filhos única e exclusivamente pela discriminação social. Existem outros aspectos que devem ser levados em conta, e a saúde é o principal deles", afirma.

Comportamento alimentar

A professora e psicóloga clínica, Carla Cristina Nogueira de Almeida, comenta que o comportamento alimentar é composto por aspectos constitucionais, de socialização e fatores afetivos, como a interação mãe, criança e família. "Um dos maiores erros que encontramos é a mãe que não consegue interpretar, durante os primeiros meses de vida, o choro de seu filho e acaba estimulando para toda resposta um alimento", diz a psicóloga.

A literatura comprova que um novo alimento deve ser introduzido de 8 a 15 vezes para que a criança defina se gosta ou não dele. No mais, existem alguns aspectos que as crianças obesas desenvolvem que podem ajudar os pais a identificar a propensão à doença: comem mais rápido, comem na ausência de fome (pouco tempo), tem pouca saciedade, envolvem-se com o comer emocional.