'O câncer de mama não é o centro da minha vida', diz advogada ao compartilhar experiências contra doença

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 01/10/2017 às 11:36
"Acredito que comecei a ressignificar o câncer de mama metastático, não encarado por mim como um problema terminal, e sim como uma doença crônica", relata Maria Paula Bandeira (Foto: Dayvison Nunes/JC Imagem)
"Acredito que comecei a ressignificar o câncer de mama metastático, não encarado por mim como um problema terminal, e sim como uma doença crônica", relata Maria Paula Bandeira (Foto: Dayvison Nunes/JC Imagem) FOTO: "Acredito que comecei a ressignificar o câncer de mama metastático, não encarado por mim como um problema terminal, e sim como uma doença crônica", relata Maria Paula Bandeira (Foto: Dayvison Nunes/JC Imagem)

Maria Paula Bandeira, advogada, 31 anos, em depoimento a Cinthya Leite

Havia completado seis meses de casada quando um tumor foi diagnosticado na mama direita. Estava apenas com 24 anos. Foi um choque, mas também passei a ter muita pressa, pois sempre tive em mente a ideia de que não temos tempo a perder (na luta contra a doença). Não me permiti ficar sofrendo, de luto. Decidi agir e juntar energia para ficar bem.

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Sabia, contudo, que o câncer mudaria a minha vida, por mais que eu sentisse um impacto mínimo. Meu tratamento incluiu cirurgia, quimio, radio e hormonioterapia. Passei cinco anos livre da doença, que voltou em janeiro do ano passado, quando o médico me liberaria para engravidar. Foi durante os exames periódicos que se detectou o câncer de mama metastático. Em mim, a doença foi bem agressiva, afetando ovário, fígado, ossos, pleura e linfonodos do mediastino (espaço entre os pulmões).

"Hoje o câncer está sob controle; não tenho mais foco de doença ativa. Voltei a trabalhar, pratico pilates e, em rede social, vou compartilhando a minha história com o câncer", conta Maria Paula Bandeira (Foto: Dayvison Nunes/JC Imagem)

Quando descobri a metástase, muita gente achou que eu estava morrendo. Então, criei um perfil no Instagram (@lencododia, com 18,4 mil seguidores atualmente) para mostrar às pessoas como estava sendo o meu dia a dia com câncer. E, dessa maneira, acredito que comecei a ressignificar o câncer de mama metastático, não encarado por mim como um problema terminal, e sim como uma doença crônica – aquela que exige tratamento para o resto da vida e um controle bem de perto.

Ao longo do tratamento, procurei não me privar das coisas. Foi assim que apreendi como caminhei para fazer com que o câncer de mama não fosse o centro da minha vida; ele é uma condição de vida. Isso exige atualmente uma ida ao hospital (para tomar medicação) a cada 21 dias. Hoje o câncer está sob controle; não tenho mais foco de doença ativa. Voltei a trabalhar, pratico pilates e, em rede social, vou compartilhando a minha história com o câncer (em postagem recente, escreve na legenda da foto: “Passando na sua timeline pra dizer que eu tô bem e que tá tudo certo!”).

Assista ao programa, na TV JC, sobre câncer de mama:

De qualquer forma, sei que sou privilegiada por ter acesso a medicações que não estão disponíveis na rede pública para o meu subtipo de câncer de mama. Precisamos lutar, cada vez mais, pelos nossos direitos enquanto pacientes. É isso que faz a Rede + Vida (projeto nacional de apoio a pacientes do Instituto Oncoguia), da qual faço parte ao lado de outras pacientes. Durante todo o tempo que se passou após o diagnóstico da metástase, percebi que não temos controle de nada na vida. Mas podemos dar o nosso melhor para seguir o tratamento.