Pernambuco inicia projeto para intensificar ações de saúde contra a hanseníase

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 25/09/2017 às 16:32
Projeto desenvolvido em parceria com o Ministério da Saúde e outros órgãos busca erradicar a doença no Estado. Em Pernambuco, cinco municípios serão contemplados com as ações (Foto: Miva Filho / SES)
Projeto desenvolvido em parceria com o Ministério da Saúde e outros órgãos busca erradicar a doença no Estado. Em Pernambuco, cinco municípios serão contemplados com as ações (Foto: Miva Filho / SES) FOTO: Projeto desenvolvido em parceria com o Ministério da Saúde e outros órgãos busca erradicar a doença no Estado. Em Pernambuco, cinco municípios serão contemplados com as ações (Foto: Miva Filho / SES)

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) realizou nesta segunda-feira 925) a primeira reunião do projeto 'Abordagens Inovadoras', iniciativa - articulada em conjunto com outras diversas instituições - que tem como objetivo intensificar os esforços na saúde para que Pernambuco fique livre da hanseníase. Além do Recife, Cabo de Santo Agostinho, Paulista, Olinda e Jaboatão dos Guararapes serão contemplados com ações do programa, que deve ter duração de três anos (2017-2019). As ações devem começar em outubro.

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O Grande Recife concentra 62% dos casos de hanseníase no Estado. Dos casos novos, 4% dos pacientes já apresentam algum tipo de incapacidade causada pelas complicações da doença. "O objetivo é aumentar a detecção de casos novos de hanseníase nas áreas selecionadas, visto que estes municípios apresentam elevados número de casos novos, geral e em menores de 15 anos, sendo este o principal critério adotado para a definição das áreas a serem trabalhadas, além de promover a educação permanente para os profissionais da Atenção Primária à Saúde", destacou a gerente de Microbactérias da SES, Danyella Travassos, durante o encontro, realizado na sede do órgão, no Bongi, Zona Oeste do Recife.

De 2011 a 2015, a doença se manteve estável em Pernambuco. Foram diagnosticados 2.722 casos em 2011. Nos anos de 2012 e 2013 houve um decréscimo, sendo detectados 2.591 e 2.602 casos, respectivamente. Nos anos de 2014 e 2015, a média se manteve e foram diagnosticados 2.570 e 2.384 casos. Já em 2016, foram apenas 1.843 novos casos. A diminuição no número de registros, no entanto, não quer dizer que o Estado conseguiu reduzir a incidência de hanseníase. "Esta redução se dá justamente pela ausência de busca ativa nos municípios. Por isso, a justificativa deste projeto", destaca a gerente.

O projeto 'Abordagens Inovadoras' é realizado em parceria com o Ministério da Saúde (MS), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Fundação Nippon, do Japão. Outros estados brasileiros, como Mato Grosso, Piauí, Maranhão, Pará e Tocantins, também participam da iniciativa.

Atualmente, o Programa de Controle da Hanseníase é a iniciativa pernambucana responsável por fazer o assessoramente técnico das ações de controle e acompanhamento da doença nos municípios. As interveções são feitas através do monitoramento dos indicadores epidemiológicos e operacionais. O Programa também age na reorganização da assistência aos usuários de acordo com os níveis de complexidade da doença, capacitando os profissionais da rede pública de saúde.

O tratamento é gratuito, padronizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde (MS), e baseia-se na poliquimioterapia. É realizada nos postos de saúde, necessitando que o paciente compareça à unidade uma vez por mês para tomar a medicação (dose supervisionada). O restante dos remédios o paciente deve tomar em casa. O tratamento é complementado com exercícios, para prevenir as incapacidades físicas, e com as orientações da equipe de saúde.

O Hospital Otávio de Freitas (HOF), no bairro de Tejipió, Zona Oeste do Recife e o Hospital Geral da Mirueira, em Paulista, além das 10 UPAEs, distribuídas em 9 das 12 regiões de saúde, são referência secundárias estaduais, no atendimento aos pacientes de hanseníase em Pernambuco. Apenas os casos mais graves e com complicações deverão ser atendidos em unidades de referência.

A doença

A hanseníase é uma doença infecciosa, transmitida pela pessoa doente para uma sadia pelo contínuo contato, que atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. Ela é transmitida pelo bacilo M. leprae, bactéria que ataca o sistema nervoso periférico e provoca alterações de sensibilidade ao frio/calor, ao tato e à dor. A doença também pode evoluir para perda de força muscular das mãos, pés e olhos. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo e varia de dois a cinco anos. É importante que, ao perceber algum sinal, a pessoa com suspeita de hanseníase não se automedique e procure imediatamente um serviço de saúde mais próximo.

Deve procurar o atendimento quem identificar na pele manchas esbranquiçadas ou avermelhadas e até caroços, com alterações de sensibilidade à dor, frio, calor e tato. Dormência ou formigamento nas mãos ou nos pés, ausência ou diminuição de suor na área atingida ou perda de pelos no local também estão entre os sinais. A doença também atinge nervos periféricos, e, se não tratada, pode causar sequelas motoras e incapacidades físicas. A doença também atinge nervos periféricos, e, se não tratada, pode causar sequelas motoras.