Grupo da USP investiga como o benzopireno pode causar câncer

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 18/09/2017 às 15:07
Carcinógeno é encontrado na fumaça do cigarro, de escapamentos automotivos, da queima de madeira e em carnes excessivamente grelhadas na brasa ou defumadas (Imagem: Divulgação)
Carcinógeno é encontrado na fumaça do cigarro, de escapamentos automotivos, da queima de madeira e em carnes excessivamente grelhadas na brasa ou defumadas (Imagem: Divulgação) FOTO: Carcinógeno é encontrado na fumaça do cigarro, de escapamentos automotivos, da queima de madeira e em carnes excessivamente grelhadas na brasa ou defumadas (Imagem: Divulgação)

Da Agência Fapesp de notícias

Presente na fumaça do cigarro, de escapamentos automotivos, da queima de madeira e em carnes excessivamente grelhadas na brasa ou defumadas, o benzopireno é um potente agente cancerígeno pertencente à classe dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs). Entender os vários mecanismos pelos quais essa substância pode induzir a transformação maligna em células humanas é o objetivo de um projeto de pesquisa apoiado pela FAPESP e coordenado pela professora Ana Paula de Melo Loureiro na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo (USP).

Leia também:

» Cigarro causa problemas de visão? Oftalmologistas esclarecem essa e outras dúvidas sobre saúde ocular

» Entre largar o cigarro e ter um coração saudável, 15 anos de distância

» Cigarro, o serial killer da saúde pública

Resultados preliminares foram divulgados em agosto passado durante o V Symposium on Epigenetics and Medical Epigenomics, realizado em São Paulo. Segundo a pesquisadora, o objetivo é identificar as vias celulares, isto é, as sequências de reações biológicas, envolvidas no desenvolvimento do câncer e, assim, encontrar possíveis alvos para a prevenção ou tratamento da doença.

“Testes mostraram que a suplementação das culturas celulares com nicotinamida ribosídeo, um dos componentes da vitamina B3, protegeu as células e impediu a transformação maligna. Agora pretendemos entender por quais mecanismos isso acontece e se esse composto pode ser usado na quimioprevenção”, contou Loureiro.

Parte do projeto foi desenvolvida por Tiago Franco de Oliveira, bolsista FAPESP de pós-doutorado. A fase atual, envolvendo a suplementação com nicotinamida ribosídeo, constitui o projeto de doutorado de Everson Willian Fialho Cordeiro, também com bolsa FAPESP.

Metodologia

Os experimentos estão sendo realizados com células normais do pulmão – mais precisamente do epitélio brônquico. Essas células são incubadas com o benzopireno durante uma semana. Por ser esta uma substância de rápida absorção e biotransformação, contou a pesquisadora, precisa ser reposta diariamente nas culturas. No final do período de incubação, as células são transferidas para um meio semissólido contendo agarose, um polissacarídeo obtido de algas, com a finalidade de impedir a adesão à placa de cultura.

“Já se sabe que uma célula epitelial normal não consegue crescer nesse meio semissólido, sem ancoragem. Para que isso seja possível, é necessário que alguns genes e proteínas tenham a sua expressão alterada no sentido de favorecer o desenvolvimento tumoral, como, por exemplo, o silenciamento da expressão de caderinas [moléculas de adesão dependentes do cálcio que permitem a ligação entre células vizinhas]”, explicou a pesquisadora.

Leia a matéria completa no site da Agência Fapesp de notícias.