Prevenção ao suicídio: entenda por que é urgente quebrar o silêncio

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 03/09/2017 às 19:14
A campanha Setembro Amarelo tem como objetivo principal informar corretamente a população sobre a prevenção do suicídio (Foto: Pixabay)
A campanha Setembro Amarelo tem como objetivo principal informar corretamente a população sobre a prevenção do suicídio (Foto: Pixabay) FOTO: A campanha Setembro Amarelo tem como objetivo principal informar corretamente a população sobre a prevenção do suicídio (Foto: Pixabay)

Existe uma relutância em falar sobre suicídio. Mas como se calar diante de um problema de saúde coletiva que destrói cerca de um milhão de vidas anualmente em todo o mundo? Os casos ocorrem da infância à velhice. Em Pernambuco, das 314 mortes por suicídio notificadas oficialmente em 2015, sete foram dos 10 aos 14 anos; outros 66 óbitos, a partir dos 60 anos. Cada um deles impacta a vida de pelo menos seis pessoas que ficam em luto, sentem raiva e culpa. Os números mostram a urgência para se mudar essa triste realidade.

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Continuar em silêncio pode ser ainda mais grave. “Algo que nós devemos fazer é falar sobre o assunto, sem medos e sem tabus. Dessa maneira, as pessoas com pensamento suicida podem perceber que não estão sozinhas e que há ajuda para o sofrimento que vivenciam”, frisa o psiquiatra Leonardo Machado,  secretário da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria (SPP).

Estamos em sintonia com o depoimento do médico. Nesta campanha Setembro Amarelo, que se volta à prevenção do suicídio, não vamos nos privar do uso responsável das palavras, pois acreditamos que essa atitude salva vidas.

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O diagnóstico precoce e o tratamento correto dos distúrbios mentais são caminhos que impactam diretamente na redução das mortes por suicídio. “Há uma relação muito próxima entre transtornos psiquiátricos e suicídio. A maioria das pessoas que cometeu o ato, cerca de 95%, apresentava uma condição que afeta a saúde mental (distúrbios de humor e esquizofrenia, por exemplo). São transtornos que aumentam muito o risco de tentativas. Mas é bom reforçar que muitos dos que apresentam algum problema nem vão tentar”, explica o psiquiatra Leonardo Machado.

O depoimento do médico leva luz ao problema: os casos de suicídio podem e devem ser prevenidos. Para isso, é fundamental levantar uma bandeira que desmistifica os transtornos mentais, especialmente numa época em que, no Brasil, a prevalência de depressão (associada ao comportamento suicida) ultrapassa a taxa média mundial, de 4,4%. No País, o índice é de 5,8%, segundo a Organização Mundial de Saúde. Infelizmente os transtornos mentais nem sempre são diagnosticados e, dessa maneira, perde-se a chance de oferecer tratamento e apoio emocional a quem precisa.

“Não podemos ficar em silêncio. Deixar de falar sobre suicídio não é a melhor estratégia. Se fosse, o número de casos teria diminuído”, reforça Leonardo Machado, que aposta na máxima de que a troca de informações sobre o tema não provoca danos à população. Muito pelo contrário: trazer à tona o debate de forma correta e sem sensacionalismo é uma estratégia que pode ser acolhedora para os grupos de risco.