Fila da esperança: Brasil tem 35 mil pessoas que sonham em celebrar vida nova após transplante de órgãos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 03/09/2017 às 21:15
A campanha Setembro Verde estimula a doação de órgãos, além da busca de direitos para os pacientes em fila de espera e para os transplantados (Foto: Pixabay)
A campanha Setembro Verde estimula a doação de órgãos, além da busca de direitos para os pacientes em fila de espera e para os transplantados (Foto: Pixabay) FOTO: A campanha Setembro Verde estimula a doação de órgãos, além da busca de direitos para os pacientes em fila de espera e para os transplantados (Foto: Pixabay)

O índice de doações de órgãos vem aumentando progressivamente nos últimos anos no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), houve um crescimento de 24% entre 2012 e 2016. Ainda assim, esse número está abaixo do índice observado em países que se destacam na doação. Atualmente, no Brasil, existem aproximadamente 35 mil pessoas aguardando por um transplante.

Neste Setembro Verde, que marca a Campanha Nacional de Doação de Órgãos, vale destacar que a expectativa e o trabalho da ABTO são para que haja um crescimento continuado, em torno de 10% a cada ano, nos próximos anos. Mas existem desinformação e falta de conscientização sobre o processo decisório. A situação mais comum é quando os interessados deixam de comunicar às suas famílias a decisão de serem doadores e, dessa maneira, deixam de ajudar a salvar mais vidas. Parentes e amigos precisam saber desse desejo para passá-lo à frente e para que as doações aconteçam.

Leia também: 

Central de Transplantes de PE registra 101 mortes de pacientes em fila de espera por um órgão em 2016

De acordo com o nefrologista Roberto Ceratti Manfro, presidente da ABTO, geralmente a negativa ocorre porque os parentes não sabem sobre o interesse dos seus pais, filhos e cônjuges, por exemplo, em relação à doação de órgãos. Segundo a mesma entidade, no Brasil, em 2016 a recusa familiar à doação de órgãos foi de 43%, considerados potenciais doadores. “Não há documentos ou protocolos para registrar o desejo de doação em vida. A pessoa que tiver interesse em doar deve simplesmente avisar à família e aos amigos de sua decisão”, destaca Manfro. Esse deve ser o principal ponto de atenção para aqueles que querem dar uma nova chance a uma nova vida.

No Brasil, o único tipo de óbito que permite a doação de órgãos é a morte encefálica. Após confirmada, a família é consultada de forma respeitosa e empática para saber se a decisão foi manifestada pela pessoa que faleceu. Caso isso não tenha acontecido, a família é consultada sobre a possibilidade da doação e, assim, pode decidir.

Só no último ano, foram realizados 22.489 transplantes no Brasil, considerando os seguintes órgãos e tecidos: rim, fígado, pâncreas, coração, pulmão e córnea. E esse número pode aumentar a partir do momento que mais pessoas compreenderem esse processo simples, mas geralmente desconhecido por aqueles que querem ser doadores.

“Informação é a base para qualquer tomada de decisão. Queremos, cada vez mais, trazer relevância para esse tema, destacando que um doador pode salvar ou melhorar as vidas de até 10 outras pessoas”, pontua o nefrologista. Ele reforça que a doação é um ato de solidariedade, talvez o único que alguém pode fazer após a morte.

Saiba mais

A ABTO reforça o portal Outra Vida Nova Chance, que tem como objetivo esclarecer as principais dúvidas sobre o assunto, derrubar mitos e incentivar essa ação que pode ajudar a salvar milhares de vidas.