Esclerose múltipla: um enigma para a medicina, a doença atinge 35 mil brasileiros

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 30/08/2017 às 15:56
Não se sabe ainda exatamente os motivos que levam o sistema imunológico dos pacientes a atacar a membrana que cobre as células nervosas no cérebro (Imagem: Pixabay)
Não se sabe ainda exatamente os motivos que levam o sistema imunológico dos pacientes a atacar a membrana que cobre as células nervosas no cérebro (Imagem: Pixabay) FOTO: Não se sabe ainda exatamente os motivos que levam o sistema imunológico dos pacientes a atacar a membrana que cobre as células nervosas no cérebro (Imagem: Pixabay)

Esta quarta-feira (30) é marcada pelo Dia Nacional da Esclerose Múltipla, doença autoimune e inflamatória do sistema nervoso central, que atinge 2,5 milhões de pessoas no mundo. Para especialistas, a esclerose múltipla é consequência de uma combinação de fatores imunológicos, ambientais, infecciosos e genéticos, embora a causa real seja desconhecida. Não se sabe ainda exatamente os motivos que levam o sistema imunológico dos pacientes a atacar a membrana que cobre as células nervosas no cérebro (chamadas de bainha de mielina), assim como a medula espinhal e os nervos ópticos. “Estima-se que existam entre 30 mil e 35 mil brasileiros com Esclerose Múltipla (EM), mas apenas 15 mil estão em tratamento”, explica a médica neurologista Ana Piccolo, coordenadora do Ambulatório de Neuroimunologia do Hospital Santa Marcelina.

Leia também: 

Nova luz no tratamento contra a esclerose múltipla

Médica tira dúvidas sobre esclerose múltipla e fala sobre novo medicamento

Até 90% dos pacientes com esclerose múltipla apresentam alguma disfunção sexual

Para destacar a importância de levar informação à população sobre o assunto, Ana Piccolo separou cinco aspectos importantes sobre a esclerose múltipla.

Atenção à depressão

É grande a incidência de depressão em pessoas com esclerose múltipla. Essa frequência alta decorre do fato de se tratar de uma doença sem cura, que impõe alguns desafios àqueles em quem ela se manifesta. Entre os sintomas, estão fraqueza muscular, alteração do equilíbrio e comprometimento neurológico.

Incidência no Brasil

Atualmente, estima-se que existam 15 indivíduos com esclerose múltipla a cada 100 mil pessoas no Brasil (em média, são 35 mil brasileiros com a doença), segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM). De causa desconhecida, a patologia é considerada crônica e recorrente, com surtos e sintomas que variam de pessoa para pessoa, mas influenciam diretamente na qualidade de vida dos indivíduos.

Mais mulheres do que homens

A doença atinge duas vezes mais mulheres do que homens e, em média, é diagnosticada aos 30 anos, embora possa acometer desde crianças até pessoas mais idosas. O diagnóstico geralmente é tardio, o que dificulta o tratamento. "Estudos com animais apontam que as fêmeas têm uma predisposição genética imunológica para a doença, e os fatores hormonais também influenciam, mas a doença se manifesta de forma mais agressiva em homens", aponta a neurologista.

Como tratar e melhorar os sintomas

Hoje os pacientes contam com opções eficazes de tratamento para controlar a doença e os surtos. Recentemente, a teriflunomida foi incorporada ao rol de medicamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e deve chegar aos pacientes em breve. A teriflunomida, que é um medicamento oral, é indicado para o tratamento de pacientes com as formas recorrentes de esclerose múltipla, a fim de reduzir a frequência dos surtos e retardar o acúmulo de incapacidade física.

Conscientizar para tratar

O portal Agosto Laranja dá visibilidade ao tema e auxilia na conscientização da população sobre o assunto.