No mundo, em cada dez pessoas que precisam de cuidados paliativos (aliviam o sofrimento e agregam qualidade à finitude), só uma recebe esse tipo de assistência, segundo um mapeamento recente da Organização Mundial de Saúde. O levantamento chama a atenção no momento em que os dados demográficos revelam um aumento da incidência e da prevalência das doenças crônico-degenerativas entre os idosos e que ainda não são contempladas pela paliação.
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Cada vez mais, profissionais das unidades de terapia intensiva passam a ter um novo olhar quando o paciente alcança a última etapa de vida, a partir do momento em que não restam dúvidas da aproximação da morte. Em situações como essa, a equipe reconhece que medidas heroicas (como ressuscitação cardíaca) só fazem causar mais sofrimento a quem se despede da vida – e também às famílias. A intenção não é dar anos à vida; mas sim, vida aos anos.
E assim está mais do que na hora de a sociedade refletir que, mais do que ser treinados para curar, os médicos devem ser habilitados a paliar no momento certo e a suprir todas as necessidades dos pacientes para diminuir a dor da doença e, posteriormente, do luto das famílias.
Saiba mais
A dor é um dos principais sintomas considerados nos cuidados paliativos, que nem sempre são sinônimo de cuidados ao fim da vida. É uma modalidade terapêutica bem mais abrangente e que pode ser iniciada alguns anos antes da morte da pessoa - ou até décadas, como no caso de uma demência de progressão lenta. A essência dos cuidados paliativos consiste em permitir que a pessoa e seus familiares possam viver da melhor maneira possível o tempo que lhes resta.
É importante frisar que os cuidados paliativos consideram, para alívio da dor, não apenas tratamento medicamentoso. O sintoma, segundo essa modalidade terapêutica, pode ser controlado por meio de intervenções não apenas do médico, mas também do fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e psicólogo. Aspectos espirituais ainda podem ser considerados, devido ao comprometimento multidimensional da dor.