Até os cinco anos, as crianças ainda podem ter alguma dificuldade para segurar o xixi durante a noite. Trata-se de uma fase normal do desenvolvimento infantil. Quando os pequenos continuam a urinar na cama após essa idade, os especialistas orientam que é preciso investigar as causas. Isso porque pode se tratar de uma condição de saúde chamada de enurese noturna, que tem impacto físico e emocional e, dessa maneira, deve ser tratada com ajuda de um especialista.
É importante falar sobre o assunto neste Dia Mundial da Enurese (World Bedwetting Day), uma iniciativa da International Children Continense Society (ICCS) e da European Society for Pediatric Urology (ESPU). A campanha chega ao 3º ano consecutivo, com o tema Time to Take Action (Hora de Agir). O objetivo é orientar as famílias sobre como lidar com o xixi na cama sem traumas, alertando sobre a importância do diagnóstico correto e da busca por tratamento médico adequado.
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“A enurese é o nome dado à incontinência urinária intermitente, durante o sono, após os cinco anos de idade. A diferença de intermitente e contínua é que, nesta última, a pessoa permanece o tempo todo urinando, gotejando, enquanto a primeira ocorre em intervalos específicos de tempo”, explica a pediatra Eliane Fonseca, membro executivo do board da International Children Continent Society (ICCS).
A enurese noturna, que não tem uma causa psicológica, acomete uma em cada dez crianças em idade escolar. O problema leva os pequenos a se sentirem envergonhados e há impactos negativos em sua vida social, como evitar convites para dormir na casa de amigos. “A enurese também pode influenciar a qualidade do sono, que piora, e pode prejudicar o rendimento escolar”, acrescenta a especialista.
É importante que as famílias não subestimem o problema porque, se a condição não for tratada, poderá persistir na adolescência e na vida adulta. “A maioria dos pais tem dificuldade para entender que a criança precisa de ajuda. Muitas sofrem, apanham e são vítimas de bullying, mas não seguem tratamento com um especialista”, reforça Eliane.
O olhar do urologista
O Dia Mundial da Enurese Noturna também é abraçado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). A entidade alerta que os pais não devem reprimir seus filhos que ainda deixam escapar urina durante a noite. Para esses casos, a orientação da SBU é procurar ajuda médica. “Punir a criança pode piorar ainda mais seus sintomas e sua qualidade de vida”, explica o chefe do Departamento de Uropediatria da SBU, José Murillo Bastos Netto.
A enurese também pode influenciar a qualidade do sono (Foto: Pixabay)
Tipos de enurese notura
- Primária: Quando a criança sempre teve enurese
- Secundária: Quando a criança ficou pelo menos 6 meses sem apresentar enurese e voltou a apresentar
Sintomas
- A criança pode apresentar apenas a enurese, mas também urgência para fazer xixi e incontinência urinária
Tratamento
- Se, após os 5 anos, a criança ainda apresentar enurese, recomenda-se procurar um médico
Causas
- Genética: 44% das crianças cujo um dos pais tiveram enurese e 77% daquelas que ambos os pais tiveram enurese geralmente deixarão escapar urina à noite
- Poliúria Noturna: Algumas crianças com enurese apresentam uma alteração na secreção noturna do ADH (hormônio antidiurético) e terão a produção de urina aumentada durante a noite
- Hiperatividade vesical noturna: Algumas crianças apresentam contrações involuntárias da bexiga durante o sono, que causam a perda de urina
- Distúrbios do Sono: Criança com enurese tem dificuldade de despertar, não acordando com os sinais da bexiga cheia ou com a contração da mesma (hiperatividade vesical)
Os pais não devem reprimir seus filhos que ainda deixam escapar urina durante a noite (Foto: Pixabay)
Cada caso é um caso
O tratamento ser individualizado. É importante lembrar que a resposta ao tratamento da enurese é lenta, e o envolvimento e participação da criança e da família são importantes. A terapêutica comportamental se baseia na mudança de alguns hábitos, como a redução da ingestão de líquidos à noite e aumento da ingestão no início do dia, orientação para urinar em intervalos regulares de cerca de três horas durante o dia, reduzir o consumo de alimentos com cafeína e alimento cítricos, diminuir a ingesta de sal, principalmente no fim do dia. O médico por indicar, se necessário, tratamento medicamentoso.
Vida adulta
Já entre os adultos, estima-se que 1 em cada 100 pessoas sofre de enurese. "É importante que os adultos também busquem ajuda, pois há tratamento", frisa a pediatra Eliane Fonseca.
Saiba mais
Espaço para o diálogo sobre a enurese noturna: www.semxixinacama.com.br.