Estudo mostra a eficiência de diuréticos na prevenção da hipertensão

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 05/05/2017 às 17:43
Hospital da Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco foi um dos 21 centros brasileiros que participaram da pesquisa sobre hipertensão (Foto ilustrativa: Pixabay)
Hospital da Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco foi um dos 21 centros brasileiros que participaram da pesquisa sobre hipertensão (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Hospital da Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco foi um dos 21 centros brasileiros que participaram da pesquisa sobre hipertensão (Foto ilustrativa: Pixabay)

Um estudo realizado em 21 centros de pesquisas, entre eles o Hospital da Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC/UFPE), espalhados por dez estados brasileiros apontou a eficiência de fármacos da classe dos diuréticos na prevenção da hipertensão. O levantamento descobriu que a combinação da clortalidona e amilorida reduziu em 44% os riscos de uma pessoa pré-hipertensa desenvolver a doença.

Leia também:

» Projeto em Camaragibe amplia apoio médico a pacientes com hipertensão e diabetes

» Restrição de sono na gestação pode induzir hipertensão, aponta estudo

» Aplicativo gratuito incentiva pessoas com hipertensão a adotar estilo de vida saudável

» Obesidade cresce 60% em 10 anos no Brasil e colabora para aumento da prevalência de hipertensão e diabetes

Os pesquisadores acompanharam 1.800 pessoas ao longo de 18 meses. Na capital pernambucana, a Clínica de Hipertensão do HC/UFPE, unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), acompanhou cerca de 50 pacientes. Especialistas do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) e do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) também participaram da iniciativa em Pernambuco.

Os pacientes foram divididos em dois grupos. O primeiro foi medicado com a combinação dos diuréticos (metade da dosagem) e o outro fez uso de placebo. Ambos os grupos foram acompanhados sistematicamente e, ao final da pesquisa, foi constatado que 44% das pessoas pré-hipertensas inseridas no agrupamento que usou os diuréticos não desenvolveram a hipertensão.

Sob coordenação dos pesquisadores Sandra e Flávio Fuchs, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, a pesquisa chegou a outra conclusão importante. A diminuição da massa do coração, um indicativo da melhora do estado do órgão, constatada após o tratamento com a combinação de diuréticos. "Com a análise dos eletrocardiogramas no início e no final do estudo, percebemos a redução da massa do ventrículo esquerdo, o que é muito bom, pois mostra que o coração reagiu ao quadro de hipertensão", explica o médico Hilton Chaves, coordenador da Clínica de Hipertensão do HC e professor de cardiologia da UFPE. Com a pressão alta, o órgão tem um aumento prejudicial de seu volume por causa do esforço desenvolvido para bombear o sangue.

A segunda fase da pesquisa Prever, relativa ao tratamento, comprovou que, com a dose completa da combinação de diuréticos, os pacientes com hipertensão leve (de 14 por 9 até 14,9 até 9,9) tiveram a sua pressão reduzida num índice de melhora superior, quando comparado com os medicamentos Bloqueadores do Receptor da Angiotensina II (BRAs) prescritos em larga escala, como losartana, valsartana e candesartana, entre outros, que atuam no controle da hipertensão e na proteção aos rins. Os preços da combinação de diuréticos são inferiores aos dos remédios BRAs.

"Os pacientes que utilizaram a combinação de diuréticos durante os 18 meses tiveram uma redução na pressão arterial de 2,3 mmHg, quando comparados aos que usaram a losartana (a droga mais prescrita para hipertensão no mundo). É um resultado muito significativo e ainda prova que a losartana não se mostrou protetora em reduzir a perda de proteína (microalbuminuria) pelos rins do subgrupo de diabéticos do Estudo Prever", alerta Hilton Chaves, que apresentou recentemente os resultados dessa pesquisa no Congresso Internacional de Cardiologia, em Dubai, no Emirados Árabes.