Música: Hospital Albert Einstein se junta ao Spotify e cria playlists especiais para pacientes

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 23/04/2017 às 9:14
Seleções musicais buscam oferecer entretenimento e distração para pacientes do hospital em São Paulo, assim como seus acompanhantes (Foto ilustrativa: Pixabay)
Seleções musicais buscam oferecer entretenimento e distração para pacientes do hospital em São Paulo, assim como seus acompanhantes (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Seleções musicais buscam oferecer entretenimento e distração para pacientes do hospital em São Paulo, assim como seus acompanhantes (Foto ilustrativa: Pixabay)

É fato que a música tem diversas funções em nossa vida. Do terapêutico ao social, associamos diversas melodias a momentos de bem-estar, estresse, medo ou alívio. Pensando no poder de determinadas trilhas sonoras, o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, resolveu se associar ao Spotify, serviço de streaming de música, para oferecer playlists especiais para seus pacientes e clientes. As seleções musicais buscam oferecer entretenimento e distração para as pessoas que utilizam os serviços do Einstein, bem como seus acompanhantes.

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A partir do momento que as pessoas se conectarem às listas, serão convidadas a avaliar a sua experiência ao entrar em contato com a música em momentos determinados. A perspectiva a longo prazo é conduzir estudos que estabeleçam quais aspectos e como a música atua na promoção de bem-estar. "A música acompanha a história da humanidade e, por mais que reconheçamos seu efeito terapêutico, não existe literatura científica suficiente no mundo sobre o assunto, pois existem situações clínicas que ainda carecem de investigação apropriada", pontua Eliseth Leão, pesquisadora do Instituto Israelita Albert Einstein que coordenará os estudos.

Para o médico Pedro Lemos, do Serviço de Intervenção Cardiovascular do Einstein, os benefícios da música não atuarão apenas sobre o paciente, mas também na equipe que o acompanha. "A música já é usada há algum tempo durante o cateterismo cardíaco e os médicos já verificam vantagens como um efeito benéfico imediato sobre o paciente, mas também sobre a equipe multiprofissional que atua no procedimento", ressalta.

O próximo passo da iniciativa será aprofundar que tipo de experiência e quais mecanismos cerebrais são ativados de acordo com o som e as características da lista musical. "Ao conhecermos os benefícios possíveis e os efeitos da música sobre as pessoas, temos um arsenal enorme de estudos para trabalhar, que podem tornar não só a experiência hospitalar melhor, mas também os potenciais de bem-estar", explica o gerente médico do Banco de Sangue do Einstein, José Mauro Kutner.

Playlists

As playlists do Serviço de Hemodinâmica contaram com diversos curadores, entre eles o Maestro Walter Lourenção, que já regeu diversos grupos, entre eles a Orquestra Municipal de São Paulo e a OSESP. Outro serviço que ganha novas playlists é o de Ressonância Magnética, que, apesar dos avanços tecnológicos, ainda é um exame relativamente demorado e com muito ruído (inerente ao aparelho). "Os pacientes vão poder escolher entre as diversas playlists oferecidas de acordo com a faixa etária e gosto musical e ouvir diretamente dos fones de ouvido do equipamento", conta o coordenador do serviço, o médico Ronaldo Hueb Baroni.

O especialista acredita que a música faz não só o tempo passar mais rápido, mas está incluída no grupo de ações de humanização que vêm sendo utilizadas com sucesso para reduzir a claustrofobia e aumentar o conforto durante o exame.

Já no Banco de Sangue, que recebe cerca de 50 doadores por dia, é muito importante oferecer para essas pessoas o conforto. São pessoas que doam uma parte de si pelo bem comum, para alguém que ele desconhece. O retorno que o doador tem é ser bem recebido e a música amplia o prazer da doação. "Ter um programa musical especialmente desenvolvido para nossos doadores fará com que tenham uma experiência ainda mais agradável no ato de doar sangue e plaquetas", enfatiza Kutner.