"Crianças e adolescentes precisam perceber que têm espaço na vida dos pais", diz psicóloga

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 23/04/2017 às 8:04
"É preciso absorver que ter filhos é um projeto de vida", destaca a psicóloga Suzana Schettini (Foto: Guga Matos/JC Imagem)
"É preciso absorver que ter filhos é um projeto de vida", destaca a psicóloga Suzana Schettini (Foto: Guga Matos/JC Imagem) FOTO: "É preciso absorver que ter filhos é um projeto de vida", destaca a psicóloga Suzana Schettini (Foto: Guga Matos/JC Imagem)

Ao comentar sobre o envolvimento de crianças e adolescentes que teriam sido ameaçados, induzidos à automutilação e ao suicídio após envolvimento em atividades na internet (como o que ficou chamado de jogo da Baleia Azul), a psicóloga Suzana Schettini reforça que a adolescência é uma fase de questionamentos e, por isso, os jovens precisam ser acolhidos. "Eles percebem quando têm espaço na vida dos pais, que devem servir de modelo. Não podemos terceirizar educação nem afeto", diz a especialista. Confira:

Casa Saudável – Como o envolvimento de jovens em atividades na internet pode ser prejudicial?

Suzana Schettini – O que preocupa é o excesso de interesse por estímulos virtuais, e isso pode estar impregnado de tal forma que a família não percebe o que está acontecendo. Geralmente os adolescentes não têm condição psicológica de entender e absorver determinadas coisas. Ficam livres no acesso à internet e perdidos no imenso mundo virtual.

Leia também:

Baleia Azul: ‘Jogo’ leva à ampliação do debate sobre terceirização da educação e do afeto

Em resposta ao Baleia Azul, Baleia Rosa lista “tarefas do bem” para valorizar a vida

Depressão na infância e na adolescência: como lidar? Psiquiatra esclarece dúvidas

Casa Saudável – De que forma a família pode acompanhar o uso da internet pelos filhos?

Suzana Schettini – O fato é que há pais que também estão neste mundo virtual e nas redes sociais; às vezes, até trabalhando nelas. Por ficarem imersos, pode acontecer de não darem aos filhos o tempo necessário para acompanhar o desenvolvimento deles. Nesse sentido, o que os adolescentes estão aprendendo? Ficam sozinhos com suas dúvidas e angústias, não trocam sentimentos nem emoções.

TEMPO

Casa Saudável – Quando se fala em tempo dedicado aos filhos, o que é mais importante: quantidade ou qualidade?

Suzana Schettini – Há mães que largaram suas profissões para ficar mais presentes na vida do filho. Mas existem aquelas que estão no mesmo espaço geográfico das crianças e não interagem com elas. É preciso absorver que ter filhos é um projeto de vida. Quando decidimos fazer um mestrado, por exemplo, abrimos mão de outras atividades e arrumamos tempo para se dedicar ao estudo. Não basta só dar tudo do bom e do melhor para os filhos. Precisamos estar envolvidos na vida deles. As crianças e jovens sempre vão precisar de espaço na família. Dessa maneira, eles precisam perceber que têm espaço na vida dos pais.