Catapora: Crianças devem tomar uma ou duas doses da vacina? Pediatra esclarece

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 18/04/2017 às 11:21
Catapora: a prevenção vem pela vacinação, mas é bom ficar atento a
diferenças entre calendários das redes pública e privada (Foto: Ashlley Melo/JC Imagem)
Catapora: a prevenção vem pela vacinação, mas é bom ficar atento a diferenças entre calendários das redes pública e privada (Foto: Ashlley Melo/JC Imagem) FOTO: Catapora: a prevenção vem pela vacinação, mas é bom ficar atento a diferenças entre calendários das redes pública e privada (Foto: Ashlley Melo/JC Imagem)

A vacinação é o caminho para se proteger contra a varicela (ou catapora), mas é bom ficar atento a diferenças entre calendários das redes pública e privada. O Sistema Único de Saúde (SUS), através do Programa Nacional de Imunizações (PNI), fornece apenas uma dose de varicela, dada para crianças de 15 meses a menores de 2 anos. Mas a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) recomendam duas doses: a primeira aos 12 meses; a segunda, de 15 a 24 meses.

“A dose única previne manifestação grave, mas há chance do desenvolvimento de formas brandas, especialmente se houver surto em creches e escolas”, esclarece o pediatra Eduardo Jorge da Fonseca Lima, presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco (Sopepe). Por isso, para evitar as formas brandas e graves de catapora, a SBIM e a SBP recomendam duas doses da vacina em seus calendários de imunização, principalmente em épocas de aumento de casos da doença.

Leia também:

Conheça mitos e verdades sobre catapora

Em Pernambuco, houve aumento expressivo dos surtos de varicela (ou catapora) em 2016. Foram 293 casos, decorrentes de 41 surtos. Este ano são já 32 casos, no Estado, relacionados a oito surtos – quase o total de todo o ano de 2015, com 10 surtos (veja quadro abaixo). Esses números ainda são subestimados (ou seja, o total de adoecimento pelo vírus Varicela zoster é maior do que os dados oficiais), pois as notificações só incluem os casos dos surtos, e não casos isolados.

Infográfico - catapora - Abril de 2017

Sobre a doença

Em crianças, a catapora costuma ser benigna, mesmo assim causa bastante incômodo. É importante não coçar as lesões, já que essa prática pode provocar feridas e desencadear infecção bacteriana. Segundo a SBIM, pneumonia e o comprometimento do sistema nervoso são outras complicações da catapora (felizmente, raras) e podem levar à internação. A doença é transmitida pelo contato com saliva ou secreções respiratórias, lesões de pele e mucosas e objetos contaminados.

A infecção, prevenível por vacina, é causada pelo vírus Varicela zoster (da catapora), é altamente contagiosa e fácil de ser diagnosticada devido às erupções características na pele. Elas surgem como manchinhas vermelhas por todo o corpo, coçam e evoluem para vesículas (bolhas) até nas mucosas (boca e região genital), mas não ao mesmo tempo. Isso faz com que a pessoa apresente erupções em diversas fases: manchas, bolhas e crostas. Também podem ocorrer febre, mal-estar, dor no corpo e na cabeça. Além disso, quando a pessoa se infecta, esse vírus fica “adormecido” no organismo. Embora não vá mais causar catapora, poderá, no futuro, principalmente a partir dos 50 anos, provocar o herpes zóster, mais conhecido como cobreiro.