Você sabia que o medo de se casar pode ser patológico? Entenda a gamofobia

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 15/04/2017 às 10:00
Embora haja poucos estudos sobre a gamofobia, sintomas são parecidos com os de outras fobias, causando, além dos sintomas psicológicos, sinais físicos preocupantes (Foto ilustrativa: Pixabay)
Embora haja poucos estudos sobre a gamofobia, sintomas são parecidos com os de outras fobias, causando, além dos sintomas psicológicos, sinais físicos preocupantes (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Embora haja poucos estudos sobre a gamofobia, sintomas são parecidos com os de outras fobias, causando, além dos sintomas psicológicos, sinais físicos preocupantes (Foto ilustrativa: Pixabay)

Você sabia que o medo de se casar pode passar do mero receio de unir duas vidas em uma só? O temor do casamento pode ser patológico e tem até um nome específico: gamofobia, do grego 'gamo' (casamento) e 'phobos' (medo). Embora haja pouca produção científica sobre a gamofobia, os sintomas são parecidos com os de outras fobias, causando, além dos sintomas psicológicos, sinais físicos preocupantes.

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Para Denise Miranda de Figueiredo, especialista em terapia de casal e cofundadora do Instituto do Casal, é preciso saber diferenciar o medo do compromisso e o medo do casamento. "Algumas pessoas têm medo de se casar, mas podem se comprometer por longos anos com um (uma) parceiro (a), sem chegar a dividir o mesmo teto ou a ter filhos, por exemplo. A gamofobia é diferente, porque na maioria dos casos, a pessoa tem o medo especifico do casamento", explica.

Vale ficar atento aos principais sintomas da gamofobia. "Esse medo gera sintomas físicos, como tremores, sudorese excessiva, enjoo, falta de ar, tontura, aumento da frequência cardíaca, típicos de uma crise de ansiedade. Entre os sintomas psicológicos, podemos citar o sentimento de pavor ao pensar no casamento, o costume de evitar situações que lembrem casamento ou de pessoas que queiram falar sobre o assunto, ansiedade incontrolável, pensamentos distorcidos e negativos sobre o casamento e sensação de perda do controle", pontua a especialista.

Esse medo patológico geralmente está ligado às experiências vividas pelo paciente e à construção de crenças negativas que sustentam e ampliam o pavor à união com outra pessoa. "A gamofobia pode estar relacionada com o medo de perder a autonomia, a liberdade, sua individualidade, dificultando ou muitas vezes impossibilitando viver um relacionamento. Salvador Minuchin, um grande especialista em terapia de casal e família, já dizia na década de 80 que para a formação de um casal é necessário que as pessoas abram mão de partes de sua individualidade para experimentarem o pertencimento", ressalta Marina Simas de Lima, também especialista em terapia de casal e cofundadora do Instituto do Casal.

Para os casos que envolvem experiências traumáticas e crenças negativas, é preciso investir em psicoterapia. Hoje, há muitas linhas de terapia que conseguem atuar no sistema de crenças para reprogramá-las. Se a pessoa já tem um compromisso de longa data, mas tem medo de se casar, a terapia de casal pode contribuir para elucidar as causas do medo e ajudar o casal a fazer uma escolha.

"O medo é um sentimento de proteção da vida. Por outro lado, o casamento oferece a celebração da vida e sua continuidade. Assim, o autoconhecimento e o entendimento de onde vem o medo tornam-se fundamentais para superá-lo e para viver uma vida amorosa mais equilibrada e feliz", concluem as psicólogas.