Conheça histórias de renascimento após transplante de órgãos e tecidos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 15/04/2017 às 13:04
Elana Vitória, 11 anos, passou pelo transplante de medula óssea em fevereiro deste ano para tratar a leucemia, diagnosticada quando ela tinha 4 anos (Foto: Jedson Nobre/JC Imagem)
Elana Vitória, 11 anos, passou pelo transplante de medula óssea em fevereiro deste ano para tratar a leucemia, diagnosticada quando ela tinha 4 anos (Foto: Jedson Nobre/JC Imagem) FOTO: Elana Vitória, 11 anos, passou pelo transplante de medula óssea em fevereiro deste ano para tratar a leucemia, diagnosticada quando ela tinha 4 anos (Foto: Jedson Nobre/JC Imagem)

Após o diagnóstico de morte encefálica, um só paciente pode se tornar doador de órgãos e tecidos para beneficiar até sete pessoas que sonham em celebrar vida nova após o transplante. “Essa é uma forma que se tem de exercer a generosidade após a morte. Quando a família autoriza a doação de um parente que faleceu, é experimentada a prática de amor ao próximo; é fazer o bem sem olhar a quem. Diante da dor (do luto), que não é pequena, pratica-se a bondade”, diz a enfermeira Noemy Gomes, coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE). O depoimento se harmoniza com o significado da Páscoa, uma festa associada ao renascimento, renovação e recomeço.

"A doação de órgãos é um exemplo de amor ao próximo. Mesmo diante da dor (da perda de um parente), a família pratica a solidariedade. Ao olhar a cicatriz da cirurgia após o transplante, a pessoa que recebeu o órgão vê a marca do amor", diz Noemy Gomes, da Central de Transplantes de Pernambuco (Foto: Miva Filho/SES/Divulgação) "A doação de órgãos é um exemplo de amor ao próximo. Mesmo diante da dor (da perda de um parente), a família pratica a solidariedade. Ao olhar a cicatriz da cirurgia após o transplante, a pessoa que recebeu o órgão vê a marca do amor", diz Noemy Gomes, da Central de Transplantes de Pernambuco (Foto: Miva Filho/SES/Divulgação)

Ao analisar os números que têm colocado Pernambuco em destaque no cenário nacional de transplantes (o Estado é primeiro no Norte/Nordeste nos procedimentos de coração, medula óssea, rim e pâncreas), Noemy reflete como o contexto por trás da doação e transplante de órgãos ajuda a cultivar a empatia (tendência do ser humano para perceber o que sentiria caso estivesse em circunstâncias experimentadas por outra pessoa).

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“Qualquer um pode precisar de um transplante ao longo da vida. As estatísticas mostram que a possibilidade de precisarmos de um órgão é seis vezes maior do que a chance de nos tornarmos doadores. Por isso, é importante capacitar profissionais de saúde sobre o processo de doação. São eles que dão segurança para uma família ter condições de decidir se os órgãos do parente com morte encefálica serem ou não doados.”

José Vanderlei recebeu um novo fígado após 1 ano e 1 mês na fila de espera de transplantes (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem) José Vanderlei recebeu um novo fígado após 1 ano e 1 mês na fila de espera de transplantes (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)

O taxista José Vanderlei Santiago, 64 anos, fala com alegria sobre o dia em que recebeu uma ligação informando que poderia receber um novo fígado. “Atendi o telefone às 23h e, em poucos minutos, já estava no Hospital Jayme da Fonte. Às 2h do dia 14 de junho do ano passado, começou a cirurgia, que me deu vida nova. Estava debilitado por causa da cirrose, causada pela hepatite C”, conta José Vanderlei, que passou 1 ano e 1 mês na fila de espera.

Um telefonema também encheu de esperança o coração da dona de casa Erlonilde Freire, 33, mãe de Elana Vitória Freire, 11. A menina passou a apresentar sintomas de leucemia desde os 4 anos. Elas moram em Cruzeiro do Sul (interior do Acre).

“Soube em dezembro que havia uma doadora de medula óssea compatível com a minha filha. Em janeiro, viemos ao Recife. O transplante foi realizado em 2 de fevereiro deste ano, um dia após o aniversário de Elana Vitória”, diz Erlonilde. O procedimento foi feito no Real Hospital Português, referência no Norte/Nordeste em transplante de medula óssea. Daqui a uns meses, elas voltam para o Acre, onde Elana Vitória vai frequentar a escola pela primeira vez. Aprenderá um bocado de lições, sem deixar de lado o sorriso que carrega para agradecer pela vida nova que ganhou para correr atrás dos seus sonhos.

Infográfico - transplantes - 15042017