Endometriose: Diagnóstico precoce e acompanhamento multidisciplinar são essenciais no tratamento

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 08/04/2017 às 12:00
Doença que atinge o endométrio, tecido que recobre a superfície interna do útero, afeta cerca de 6 milhões de brasileiras (Foto ilustrativa: Pixabay)
Doença que atinge o endométrio, tecido que recobre a superfície interna do útero, afeta cerca de 6 milhões de brasileiras (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Doença que atinge o endométrio, tecido que recobre a superfície interna do útero, afeta cerca de 6 milhões de brasileiras (Foto ilustrativa: Pixabay)

Aqui no blog já falamos diversas vezes sobre a endometriose, um problema que afeta cerca de seis milhões de brasileiras. Trata-se do crescimento externo do endométrio, o tecido que recobre a superfície interna do útero. Em estágios avançados, a doença chega a ser bastante incapacitante. Por isso, o diagnóstico precoce e o atendimento multidisciplinar são requisitos fundamentais para definir as melhores abordagens terapêuticas.

Leia também:

» Cerca de 7 milhões de brasileiras em fase reprodutiva têm endometriose

» Confira 5 fatores que podem causar dor na mulher durante as relações sexuais

» Saiba quais os exames médicos que toda mulher deve fazer

» Especialistas esclarecem diferenças entre tipos de dismenorreia, dor da cólica menstrual

» Seis coisas que as mulheres devem saber sobre infertilidade

A médica ultrassonografista Maria Teresa Natel, do CDB Premium, em São Paulo, elencou as principais recomendações quando o assunto é endometriose. Confira:

1. Quais complicações a endometriose pode causar?

O tecido endometrial pode crescer na cavidade pélvica e infiltrar ovários (cistos de endometriomas), trompas, regiões retrocervical e retrouterina (posteriores ao colo e corpo do útero), vagina, intestino, bexiga e parede abdominal. O endométrio que está fora da cavidade uterina também é sujeito aos efeitos hormonais ao longo do ciclo menstrual, podendo provocar alterações inflamatórias nesses locais e promover aderências entre os órgãos.

2. Quando é necessária uma investigação mais detalhada?

Determinados sintomas tornam necessária uma investigação mais detalhada, através do ultrassom transvaginal com preparo intestinal. “Cólicas muito intensas e debilitantes – durante ou fora do ciclo menstrual –, dor durante ou depois da prática sexual, fluxo menstrual muito intenso e infertilidade são sintomas mais evidentes, mas também podem ser acompanhados de diarreia, constipação, e dor ao urinar durante os períodos menstruais. Vale dizer que às vezes a endometriose é confundida com outros problemas de saúde, como doença inflamatória pélvica (DIP) ou cistos ovarianos de outra natureza (cistos hemorrágicos)”, alerta a médica.

3. Como se baseia o diagnóstico?

O diagnóstico de endometriose geralmente se baseia na história clínica e exame ginecológico (realizados pelo médico ginecologista), ultrassom transvaginal com preparo intestinal (realizado por profissional habilitado) e ressonância magnética. “O ultrassom transvaginal com preparo intestinal deve ser feito, de preferência, logo depois da menstruação, mas poderá ser realizado em qualquer fase do ciclo. O preparo intestinal se inicia na véspera (dieta pobre em resíduos e laxantes) e continua até o momento do exame. Pouco antes desse ultrassom é realizado um procedimento para esvaziamento do reto (porção final do intestino). Esse preparo todo é necessário para diagnosticar eventuais pequenas lesões na parede do intestino, bem como reduzir gases que podem prejudicar a detecção de lesões em outras regiões”, explica.

4. Como é o tratamento?

O tratamento da endometriose depende de alguns fatores: estágio da doença, local onde a endometriose se instalou, sintomas e desejo de engravidar. A partir das respostas para todas essas questões é que o médico ginecologista definirá se o tratamento será clínico, cirúrgico ou uma combinação dos dois, devendo sempre ser muito bem discutido com a paciente.