Sem resultados de eficácia, pesquisa com 'pílula do câncer' é suspensa

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 31/03/2017 às 14:03
Estudo com a pílula do câncer já havia incluído até agora 72 pacientes com 10 diferentes tipos de tumor. Apenas uma pessoa apresentou algum benefício (Foto ilustrativa: Pixabay)
Estudo com a pílula do câncer já havia incluído até agora 72 pacientes com 10 diferentes tipos de tumor. Apenas uma pessoa apresentou algum benefício (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Estudo com a pílula do câncer já havia incluído até agora 72 pacientes com 10 diferentes tipos de tumor. Apenas uma pessoa apresentou algum benefício (Foto ilustrativa: Pixabay)

Do Estadão Conteúdo

Sem apresentar resultados de eficácia significativos, a pesquisa clínica com a fosfoetanolamina sintética, mais conhecida como "pílula do câncer", foi suspensa pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), primeira instituição a realizar testes da substância em humanos. Iniciado em julho do ano passado, o estudo já havia incluído até agora 72 pacientes com 10 diferentes tipos de tumor, dos quais 59 já passaram por reavaliação. Apenas um doente, no entanto, apresentou algum benefício. Ele sofre de melanoma.

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"Pela maneira como evoluiu, não é possível eticamente continuar o estudo como ele vinha. É um número muito ruim considerando a expectativa ao redor do produto", explicou Paulo Hoff, diretor-geral do Icesp e responsável pela pesquisa, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (31).

O especialista esclareceu que, por enquanto, nenhum outro paciente será incluído na pesquisa até que sejam melhor avaliados os resultados obtidos. Há possibilidade de apenas os pacientes do grupo de melanoma continuarem no estudo. A previsão inicial era de que até 1 mil pacientes fossem incluídos nos testes se as respostas nos primeiros fossem positivas.

Presente na coletiva de imprensa, a médica Regina Monteiro, que diz ser do grupo do químico Gilberto Chierice, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos, no interior paulista, que criou a fosfoetanolamina, fez críticas à suspensão da pesquisa. "O método estatístico não dá conta de um estudo mais completo. É preciso ampliar o estudo", disse a médica, sem detalhar a metodologia que deveria ser adotada.