Câncer de fígado: tratamento minimamente invasivo otimiza o combate a células tumorais

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 20/03/2017 às 11:41
As microesferas se alojam nos vasos sanguíneos que alimentam o tumor, destruindo as células cancerosas (Foto ilustrativa: Free Images)
As microesferas se alojam nos vasos sanguíneos que alimentam o tumor, destruindo as células cancerosas (Foto ilustrativa: Free Images) FOTO: As microesferas se alojam nos vasos sanguíneos que alimentam o tumor, destruindo as células cancerosas (Foto ilustrativa: Free Images)

Aprovado no Brasil para tratamento de tumores de fígado inoperáveis, que não respondem a técnicas cirúrgicas convencionais, o método que consiste na aplicação (por meio de um catéter) de microesferas com material radioativo diretamente no tumor representa uma alternativa para controlar o câncer de fígado que não pode passar por cirurgia. Essas microesferas atuam da seguinte maneira: alojam-se nos vasos sanguíneos que alimentam os tumores e destroem as células cancerosas com uma carga de radiação até 40 vezes mais intensa do que a emitida pela radioterapia convencional.

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"Trata-se de uma alternativa importante em casos de tumores irressecáveis (aqueles que podem ser difíceis de tratar). O tratamento tem a vantagem de ser minimamente invasivo", opina o cirurgião intervencionista Felipe Nasser, médico radiologista intervencionista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, uma das instituições onde o recurso está disponível no Brasil.

evento Técnicas como a radioembolização interna seletiva, que atuam de forma direcionada contra os tumores, foram debatidas recentemente durante o workshop O câncer em todas as esferas, realizado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (Foto: Divulgação)

A Sirtex Medical é pioneira da microtecnologia e desenvolveu as chamadas SIR Spheres Y90 - as microsferas de resina empregadas nesse tratamento, chamado radioterapia interna seletiva (SIRT, na sigla em inglês).

Estudos

Os resultados do estudo recente da Sirflox, do qual participaram 530 pacientes, relataram que os tumores hepáticos começaram a crescer novamente em pacientes com mCRC que receberam apenas quimioterapia de primeira linha após de 12,6 meses. Os pacientes que receberam tratamento com microesferas de resina SIR-Spheres Y-90 tiveram seus tumores hepáticos controlados por um período de 20,5 meses. Os 7,9 meses adicionais com o tratamento da Sirflox significaram uma redução de 31% no risco de progressão da doença no fígado. Outro detalhe é que os tecidos adjacentes ao fígado não foram comprometidos.

O procedimento de radioembolização dura, em média, 90 minutos, com o paciente geralmente capaz de ir para casa no mesmo dia.

Saiba mais

Câncer de fígado

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), pacientes que morrem em decorrência de câncer apresentam metástase no fígado em até 35% dos casos. Além disso, até 70% dos pacientes com câncer colorretal desenvolverão metástases hepáticas. Infelizmente, as lesões metastáticas são responsáveis por até 90% das mortes nos primeiros três anos após a ressecção cirúrgica. No Brasil, cerca de 34 mil novos casos de câncer colorretal são diagnosticados anualmente.

Com informações de André Galvão, editor de Cidades do Jornal do Commercio