Dia Mundial de Combate à Hanseníase: saiba mais sobre a doença que afeta a pele e nervos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 28/01/2017 às 17:00
A hanseníase atinge principalmente a pele e nervos periféricos, podendo causar perda de sensibilidade em diversas regiões do corpo (Foto ilustrativa: Free Images)
A hanseníase atinge principalmente a pele e nervos periféricos, podendo causar perda de sensibilidade em diversas regiões do corpo (Foto ilustrativa: Free Images) FOTO: A hanseníase atinge principalmente a pele e nervos periféricos, podendo causar perda de sensibilidade em diversas regiões do corpo (Foto ilustrativa: Free Images)

Neste domingo (29) é lembrado o Dia Mundial de Combate à Hanseníase, doença infectocontagiosa que se manifesta, entre outras maneiras, como lesões na pele e perda da sensibilidade em diversas áreas do corpo. Popularmente conhecida como lepra, ainda carrega um estigma grande em relação às suas causas e complicações. Nesta data, vale sempre reforçar que a hanseníase tem cura e o tratamento é relativamente simples.

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O Casa Saudável conversou com a dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Hanseniologia (SBH) Jaci Santana, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional Pernambuco (SBD-PE) e esclareceu as principais dúvidas quando o assunto é hanseníase. Confira:

1. A hanseníase é contagiosa?

Verdade. A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo bacilo de Hansen, o Mycobacterium leprae. Sua transmissão ocorre quando a pessoa doente elimina o bacilo por meio das vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros). Não é uma doença hereditária.

Vale lembrar que uma parte da população já nasce com a defesa contra o bacilo. Por isso, uma parte desenvolve a doença e outra não.

2. A doença ainda é chamada de lepra?

No Brasil, ainda é uma doença muito estigmatizante. O nome 'lepra' carrega um estigma muito maior. Por isso, o Ministério da Saúde (MS) resolveu adotar o nome 'hanseníase' para tentar diminuir o estigma em relação à doença. Fora do País, ela continua conhecida como lepra.

3. A hanseníase atinge apenas a pele? Ou pode atingir outros sistemas do corpo?

A doença afeta a pele e os nervos mais superficiais. Mas pode afetar outros órgãos, como os testículos e olhos. Se o paciente não for tratado, pode ficar sem a função motora de algumas áreas e perder a força, impedindo determinados movimentos. Por isso a importância do diagnóstico precoce.

4. Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é essencialmente clínico, ou seja, não existem exames clínicos que possam identificar a doença. Na consulta, procuramos lesões sugestivas, que vão desde manchas claras ou avermelhadas até nódulos. Também realizamos testes de sensibilidade na pele.

5. O tratamento é demorado?

O tratamento, feito com antibióticos, pode levar de seis menos a um ano de duração. Vale lembrar que o paciente recebe esse tratamento gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

6. Por que a incidência de casos de hanseníase é tão grande entre os adolescentes?

Em Pernambuco, a doença é hiper endêmico em menores de 15 anos. No Brasil, o estado ocupa o 9º lugar no número de casos de hanseníase em pessoas nesta faixa etária. No Nordeste, ocupa a segunda posição, ficando atrás apenas do Maranhão.

A bactéria causadora da doença se multiplica muito lentamente. O paciente pode levar de cinco a sete anos para apresentar sintomas da doença. Então, se existem pessoas menores de 15 anos apresentando a doença é porque existe uma carga infecciosa muito alta na área.