Surtos de caxumba levam o governo de Pernambuco a reforçar a importância da vacinação

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 11/01/2017 às 15:30
A imunização contra caxumba é feita com a vacina tríplice viral, que fornece proteção também contra rubéola e sarampo (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)
A imunização contra caxumba é feita com a vacina tríplice viral, que fornece proteção também contra rubéola e sarampo (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem) FOTO: A imunização contra caxumba é feita com a vacina tríplice viral, que fornece proteção também contra rubéola e sarampo (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)

A alteração no padrão de circulação da caxumba, que se apresenta em todo o Brasil desde 2015, faz Pernambuco reforçar a importância da vacinação contra a doença. A orientação foi feita, nesta quarta-feira (11), pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Em Pernambuco, o registro de surtos começou em maio de 2016, quando foram totalizados 76 surtos que envolveram 836 casos, com predomínio de adolescentes e adultos jovens. Os surtos significam o surgimento de várias pessoas doentes em uma mesma localidade. Em resposta a esta ocorrência, a SES reforça a importância da vacinação como medida preventiva contra a enfermidade e, desde setembro de 2016, estabeleceu que novos casos e surtos devem ser notificados obrigatoriamente ao Estado.

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Na ocorrência de pacientes suspeitos, é preciso comunicar imediatamente à SES para que os municípios, com o apoio da secretaria do Estado, façam as medidas necessárias para bloqueio de novos casos. “Quanto mais rápida a comunicação, mais rápido os municípios poderão adotar as medidas necessárias para evitar a proliferação da doença”, afirma o diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos da SES, George Dimech.

Prevenção

A imunização contra a caxumba é a principal e mais eficiente maneira para se proteger e evitar a ocorrência de novos surtos. É feita com a vacina tríplice viral, que fornece proteção também contra rubéola e sarampo. De acordo com o calendário de vacinação brasileiro, ela deve ser aplicada nas crianças aos 12 meses. Após essa dose, é feito um reforço aos 15 meses com a tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela).

Para as crianças acima de 2 anos que não foram vacinadas aos 12 meses e adultos entre 20 e 29 anos que não foram imunizados ou que não sabem se foram vacinados, a indicação é aplicar a tríplice viral em duas etapas, com intervalo de 30 dias entre elas. Já adultos dos 30 aos 49 anos que não foram imunizados ou que não sabem se foram vacinados devem procurar os postos de saúde para se prevenir com uma dose.

“A imunização é a principal forma de proteção contra a doença. Além disso, com uma só vacina, a pessoa fica protegida também contra a rubéola e o sarampo, doença com casos recentes nos Estados Unidos, Europa e outras regiões do mundo”, frisa George. Ele acrescenta que, antes da introdução da vacina, era comum a caxumba acometer as crianças, podendo até mesmo ser confundida com outras viroses. "Hoje, como temos grande parte das crianças imunizadas, a doença passou a atingir mais os maiores de 13 anos e adultos. Para que os surtos diminuam, é importante que essa parcela da população ainda não vacinada ou que não sabe se já se vacinou complete esse calendário."

Saiba mais sobre caxumba

É uma doença viral aguda caracterizada por febre e aumento das glândulas salivares, podendo ser acompanhada por dor muscular, anorexia, dor de cabeça, mal-estar, dor à mastigação e dificuldade de deglutição. Aproximadamente um terço das infecções pode não apresentar aumento, clinicamente aparente, dessas glândulas. O diagnóstico é clínico e não há tratamento específico. Indicam-se repouso, analgesia e observação para surgimento de complicações.

A principal complicação da doença ocorre na forma de orquiepididimite (inflamação nos testículos) em aproximadamente 20% a 30% dos casos em homens. A doença também pode evoluir para meningite (10% dos casos) e mais raramente paraencefalite. Entre outras complicações observadas, estão a pancreatite (inflamação do pâncreas), a ooforite (inflamação do ovário) e a mastite (inflamação da glândula mamária). Não há relato de óbitos relacionados à parotidite. A ocorrência, durante o 1º trimestre da gestação, pode ocasionar aborto espontâneo, mas não existem evidências de que possa causar malformações congênitas.

A transmissão ocorre pelo contato com as secreções respiratórias (gotículas de saliva, espirro e tosse) com um indivíduo infectado, mesmo quando assintomático. O período de transmissibilidade da caxumba começa uma semana antes e vai até nove dias após o aparecimento da inflamação nas glândulas salivares. "Como a carga viral da doença é mais elevada nos dias que antecedem e logo após o início da doença, recomenda-se o isolamento social do doente com afastamento das atividades habituais por até cinco dias após o surgimento dos primeiros sintomas", ressalta George Dimech.