Pesquisa traça conhecimento dos brasileiros sobre a doença de Parkinson

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 29/11/2016 às 15:19
Levantamento apontou no geral que brasileiros têm bom conhecimento sobre doença, apesar de muitos acharem que enfermidade é exclusiva da terceira idade (Foto ilustrativa: Pixabay)
Levantamento apontou no geral que brasileiros têm bom conhecimento sobre doença, apesar de muitos acharem que enfermidade é exclusiva da terceira idade (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Levantamento apontou no geral que brasileiros têm bom conhecimento sobre doença, apesar de muitos acharem que enfermidade é exclusiva da terceira idade (Foto ilustrativa: Pixabay)

A pesquisa comportamental 'O brasileiro e o Parkinson', realizada pelo Conecta Ibope, traçou um perfil do conhecimento da população do País em relação à doença neurodegenerativa frequente principalmente em idosos. O levantamento, encomendado pela Teva Farmacêutica com a colaboração da Associação Brasil Parkinson (ABP), apontou que 97% dos brasileiros conhecem a enfermidade e 94% deles sabem que a doença não tem cura, mas que há tratamento que diminui sua progressão e controla os sintomas.

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Os pesquisadores ouviram, em julho passado, mil homens e mulheres de todo o País acima de 18 anos, com acesso à Internet e das classes ABC (Critério Brasil) para entender o que o brasileiro conhece sobre a doença de Parkinson, causas, sintomas e tratamento. A pesquisa desvenda ainda a relação do brasileiro como a enfermidade, quando se coloca no papel do paciente e no de cuidador.

Com relação aos sinais da doença, os brasileiros também mostraram bons conhecimentos ao indicarem as principais manifestações: tremores (92%), perda do equilíbrio (61%) e dificuldade para andar (55%). “Saber quais são os sintomas de qualquer doença é o primeiro passo em busca de diagnóstico precoce e tratamento adequado. Ter uma população alerta para esse tipo de questão é fundamental para termos casos controlados e pacientes com mais qualidade de vida”, explica o presidente da ABP, Samuel Grossman.

Atualmente a doença de Parkinson atinge cerca de 250 mil pessoas no Brasil e, com o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população, a previsão é que esse número dobre até 2040. Diante deste cenário, a doença tem despertado o interesse da população sobre os tipos de tratamento disponíveis para o Parkinson. Os dados mostram que 88% dos entrevistados entendem que a terapia deve ser multidisciplinar, combinando medicamentos com outros tratamentos, como fisioterapia ou fonoaudiologia.

Ao mesmo tempo, 55% dos brasileiros esperam que os medicamentos utilizados prolonguem o período em que os sintomas não se manifestam, ampliando assim a qualidade de vida do paciente.

Estudos clínicos demonstram que a enfermidade, em nível avançado, pode restringir consideravelmente as atividades diárias do parkinsoniano. A informação também é confirmada pela pesquisa, que revela que 60% dos entrevistados reconhecem que em estágios adiantados a doença restringe totalmente a rotina do paciente, que precisa de auxilio para realizar tarefas simples do dia a dia, como andar e cuidar da higiene pessoal. Entretanto, mesmo com a enfermidade, os entrevistados consideram que ainda é possível estudar (23%), praticar esportes (21%), comer e beber sozinho (18%), trabalhar (12%) e dirigir (3%).

A pesquisa também criou um cenário para descobrir como os entrevistados lidariam com a enfermidade se fossem diagnosticados com a doença. Nesse universo, 77% deles disseram que começariam o tratamento imediatamente. Já outros, 22%, além de iniciá-lo imediatamente, usariam terapias alternativas. Somente 1% rejeitaria qualquer tratamento.

Caso os pesquisados sentissem tremores, rigidez muscular e alteração na fala (sintomas motores comuns no Parkinson); 48% procurariam o clínico geral; 34% o neurologista; 6% o cardiologista; 2% o fonoaudiólogo; 2% ortopedista e 6% não saberiam qual especialidade procurar. Por outro lado, se estivessem com dificuldade para dormir, depressão e apatia (alguns dos sintomas não motores da doença), procurariam ajuda com o psiquiatra (46%), o clínico geral (29%), neurologista (14%), outras especialidades (4%), além disso, 5% não saberiam que especialista procurar e 1% não iria ao médico.

Quando questionados sobre como lidariam com um familiar com a doença, 65% dos pesquisados afirmaram que cuidariam dele, mas precisariam de ajuda. Já 17% cuidariam e só procurariam auxílio à medida que a doença progredisse. Somente 10% afirmaram que assumiriam totalmente os cuidados e 9% preferem terceirizar os cuidados, seja em casa ou clínicas. Quando as tarefas diárias são detalhadas, a alimentação é a atividade que os entrevistados mais estariam dispostos a lidar sozinhos (45%), enquanto higiene pessoal é a que menos querem fazer (9%) sem ajuda. “Esses dados comprovam a importância da participação da família e dos amigos para tornar a rotina do paciente mais leve para o parkinsoniano e seu cuidador”, reforça o presidente da ABP.

Existem cerca de 4 milhões de pessoas no mundo com Parkinson, de acordo com a ONU porém, no levantamento, apenas um terço dos entrevistados (33%) conhece um paciente com a doença e 83% desses pacientes diagnosticados com a doença tem alguma restrição na sua rotina. Contudo, 39% deles têm uma vida normal, mas com restrições de atividade e 44% têm uma rotina mais limitada. Somente 12% conseguem ter uma vida normal, sem limitações.

Pensando nos cuidados com esses pacientes, 77% dos pesquisados dizem que os parkinsonianos que eles conhecem recebem cuidado exclusivo da família, 11% contam com apoio de familiares e cuidadores e somente 4% estão em clínicas. Já avaliando a relação da família com esses pacientes, 58% dos pesquisados dizem que é amorosa, 18% apontam conflitos e 12% avaliam como delicada.

Faixa etária

Embora um dos destaques da pesquisa seja o bom conhecimento dos brasileiros em relação ao assunto, 47% dos entrevistados acham que o Parkinson é uma doença específica da terceira idade. “A maioria dos pacientes é diagnosticada com Parkinson por volta dos 60 anos, mas em torno de 5% deles podem ter tido os primeiros sintomas antes dos 40 anos. Assim é muito importante o diagnóstico precoce para iniciar o tratamento, que ajuda a minimizar os sintomas e a retardar o avanço da doença”, reforça o presidente da ABP.