Urologistas explicam os benefícios da cirurgia robótica no tratamento do câncer de próstata

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 26/11/2016 às 8:20
Hospital Santa Joana Recife contabiliza 40 cirurgias robóticas para tratamento do câncer de próstata desde abril deste ano (Foto:  Cláudia Araújo/Divulgação)
Hospital Santa Joana Recife contabiliza 40 cirurgias robóticas para tratamento do câncer de próstata desde abril deste ano (Foto: Cláudia Araújo/Divulgação) FOTO: Hospital Santa Joana Recife contabiliza 40 cirurgias robóticas para tratamento do câncer de próstata desde abril deste ano (Foto: Cláudia Araújo/Divulgação)

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Na década de 1970, a cirurgia para tratar o câncer de próstata já era considerada o principal procedimento para curar a doença. A questão é que, entre os pacientes que sobreviviam à operação, 90% ficavam com incontinência urinária e praticamente 100% relatavam impotência sexual. Com o passar dos anos, a cirurgia evoluiu e proporcionou queda dos índices dessas complicações pós-operatórias temidas pelos homens com o tumor.

Essa história é contada pelo médico Misael Wanderley Júnior, chefe do setor de urologia do Hospital Esperança Recife – um dos que, na capital pernambucana, inauguraram recentemente a era dos robôs para proporcionar melhor qualidade de vida aos homens que lutam contra um tumor que (ainda) mata 25% dos pacientes.

"A robótica dá mais liberdade para fazermos movimentos durante a cirurgia. É um procedimento que diminui tempo de internamento, risco de sangramento e de infecção", diz Misael Wanderley Júnior, chefe do setor de urologia do Hospital Esperança Recife (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem) "A robótica dá mais liberdade para fazermos movimentos durante a cirurgia. É um procedimento que diminui tempo de internamento, risco de sangramento e de infecção", diz Misael Wanderley Júnior, chefe do setor de urologia do Hospital Esperança Recife, que contabiliza 40 cirurgias assistidas por robôs para tratamento do câncer de próstata desde abril deste ano    (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)

Os urologistas habilitados a realizar a cirurgia robótica são unânimes ao garantir que a maior vantagem do procedimento é a precisão, em comparação à cirurgia aberta (que faz grandes cortes) e à laparoscópica, outro tipo de operação minimamente invasiva, mas que exige manipulação das pinças pelo cirurgião. Pela robótica, o médico comanda o procedimento a partir de uma mesa de controle – os instrumentos se movem de acordo com os comandos a distância; as imagens do corpo do paciente são vistas de forma ampliada, com nitidez e percepção de profundidade sem abrir o abdome.

“A robótica dá mais liberdade para fazermos movimentos durante a cirurgia. É um procedimento que diminui tempo de internamento, risco de sangramento e de infecção. Há pouca agressão cirúrgica e menor trauma”, esclarece Misael. Ele acrescenta que hoje, nos Estados Unidos, 90% das cirurgias para câncer de próstata são feitas pelo robô. “É um caminho sem volta.”

Aqui no Brasil, a realidade é diferente – pelo menos, por enquanto. Os planos de saúde não cobrem o procedimento, que tem custo elevado. Somente cinco Estados (SP, RS, RJ, CE e PE) contam com essa tecnologia. “A expectativa é de que, no futuro, os robôs estejam no serviço público, que hoje tem outras prioridades. Mas certo mesmo é que a robótica preserva, em 90% dos casos de câncer de próstata, a ereção. E esse é o maior desejo de quem tem indicação cirúrgica para tratar a doença. Pela videolaparoscopia, esse percentual fica entre 50% e 60%”, frisa o médico Guilherme Lima, coordenador do Serviço de Cirurgia Robótica em Urologia do Hospital Santa Joana Recife.

Enquanto a cirurgia robótica ainda tem um alcance limitado, é importante passar a mensagem de que as outras operações, quando bem indicadas e conduzidas, também são eficazes para curar o tumor.