Risco de perda de visão causada pela diabetes é desconhecido por quase metade dos brasileiros

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 14/11/2016 às 6:04
Pesquisa mostra que, entre pessoas com diabetes ou que têm parentes com a doença, 57% nunca ouviram falar de retinopatia diabética e edema macular diabético, principais complicações oculares da glicemia descontrolada (Foto: Free Images)
Pesquisa mostra que, entre pessoas com diabetes ou que têm parentes com a doença, 57% nunca ouviram falar de retinopatia diabética e edema macular diabético, principais complicações oculares da glicemia descontrolada (Foto: Free Images) FOTO: Pesquisa mostra que, entre pessoas com diabetes ou que têm parentes com a doença, 57% nunca ouviram falar de retinopatia diabética e edema macular diabético, principais complicações oculares da glicemia descontrolada (Foto: Free Images)

Neste Dia Mundial da Diabetes (14/11), um alerta: quase metade dos brasileiros não sabe que a doença pode causar cegueira. É o que revela uma pesquisa conduzida pela Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, em parceria com a farmacêutica Bayer, que analisou o grau de percepção da população com relação às complicações oculares ocasionadas pelo descontrole da glicose. A pesquisa foi feita com 4 mil pessoas em oito capitais brasileiras: Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, São Paulo, Brasília e Salvador.

O levantamento mostra que a diabetes, apesar de ter incidência alta no Brasil e no mundo (14 milhões e 415 milhões de pessoas acometidas pela doença respectivamente, segundo a Federação Internacional de Diabetes), tem complicações graves ignoradas por uma parcela significativa da população. "Já se observa níveis de epidemia no Brasil. À medida em que esses números aumentam, proporcionalmente cresce o número de indivíduos que correm o risco de desenvolver complicações oculares”, afirma o médico endocrinologista Luiz Turatti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.

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Entre os entrevistados que não têm a doença ou não possuem ninguém na família com essa enfermidade, 45% desconhecem a relação entre diabetes e a perda da visão. Já entre as pessoas com diabetes ou que têm parentes com a doença, 57% nunca ouviram falar de retinopatia diabética e edema macular diabético (principais complicações oculares da doença), mesmo a perda da visão sendo uma das complicações mais temidas (29%).

O edema macular diabético é uma complicação da doença, assim como a retinopatia diabética - ambos os problemas são causados pelo aumento de açúcar no sangue, o que leva a alterações nos vasos sanguíneos de todo o corpo, incluindo os vasos do olho, especificamente da parte posterior do olho chamada de retina e de sua porção central denominada mácula.

No caso do edema macular diabético, existe um vazamento de fluído dentro da mácula, região central da retina que dá nitidez e foco às imagens. A presença de fluído causa perda severa de visão e pode levar à perda da visão central. Os principais sintomas do edema macular diabético são manchas na visão, distorção de imagens, fotofobia, diminuição do contraste e visão de cores, além de alterações no campo de visão.

SAIBA MAIS

Cerca de um terço das pessoas com diabetes desenvolvem algum grau de dano ocular, segundo a Federação Internacional de Diabetes. Sem o tratamento adequado, esses pacientes podem perder mais de duas linhas de visão em menos de dois anos. Atualmente o edema macular diabético é uma das razões mais frequentes de perda severa da visão na população em idade ativa, o que impacta ainda mais na sociedade como um todo, aumentando os custos sociais e econômicos tanto nas famílias como em todo o País.

"O diagnóstico precoce do edema macular diabético permite que, em alguns casos, a visão do paciente seja recuperada, impactando positivamente na sua vida social, pois permite a retomada das atividades rotineiras e devolve sua produtividade”, afirma o médico oftalmologista Arnaldo Furman Bordon, membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo e diretor do Setor de Saúde Ocular da Sociedade Brasileira de Diabetes.

Recentemente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova terapia para o edema macular diabético, através da inibição da formação de novos vasos na retina, além de atuar na inflamação causada pela doença. O aflibercepte é um antiangiogênico, ministrado por injeção intravítrea (dentro do olho), que apresenta mecanismo de ação exclusivo permitindo uma duração de atividade dentro do olho maior que a dos outros medicamentos, além de permitir a extensão do tratamento de acordo com os resultados visuais e anatômicos de cada paciente.