Dia Nacional da Alfabetização: Respeitar o tempo de aprendizagem de cada criança é essencial

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 13/11/2016 às 18:00
Primeiros anos escolares são essenciais no processo de alfabetização da criança. Especialistas alertam que pais devem entender o tempo de cada uma e buscar estimulá-la nas atividades do cotidiano (Foto ilustrativa: Pixabay)
Primeiros anos escolares são essenciais no processo de alfabetização da criança. Especialistas alertam que pais devem entender o tempo de cada uma e buscar estimulá-la nas atividades do cotidiano (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Primeiros anos escolares são essenciais no processo de alfabetização da criança. Especialistas alertam que pais devem entender o tempo de cada uma e buscar estimulá-la nas atividades do cotidiano (Foto ilustrativa: Pixabay)

O processo de aprendizagem da criança costuma ser longo. As primeiras palavras lidas e as primeiras frases escritas geralmente são os principais passos da garotada que passa pelo 1º ano do ensino fundamental (antiga alfabetização do ensino infantil), período escolar responsável pelo início do letramento do aluno. É justamente nesta época que muitos pais - ao contrário da garotada, que segue tranquilamente no seu ritmo - costumam ficar preocupados ao notar que seus filhos parecem não acompanhar fielmente as técnicas passadas em classe. Com o Dia Nacional da Alfabetização, celebrado nesta segunda-feira (14), batendo à porta, o Casa Saudável traz um alerta: é preciso respeitar as habilidades e o tempo de cada criança.

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"Os pais precisam entender que cada criança tem sua história particular, e o contexto familiar diz muito sobre a atuação do pequeno na escola. Aquele aluno que é estimulado desde cedo evolui com mais segurança, por exemplo. Portanto, numa sala de aula, é normal que nem todas as crianças tenham o mesmo nível", explica a pedagoga Rosângela Lima, com mais de 30 anos de experiência na área.

A especialista alerta ainda que a tríade criança/pai/professor é essencial para o bom desempenho do aluno nas primeiras séries escolares. "O professor precisa identificar as habilidades e capacidades de cada criança, sabendo que elas aprendem também umas com as outras. Se um grupo é menos ativo que o outro, é necessário destacar o que eles têm de melhor. Esses detalhes também têm que ser levados para a família, para que todos valorizem momentos e atividades no cotidiano que ajudem no processo de aprendizagem. É preciso que todos estejam inseridos nesse processo, com um objetivo a buscar", comenta a pedagoga, também autora de mais de 25 livros, todos para o público infantil.

A publicitária Carolina Pires, 38 anos, viveu por três vezes os desafios do processo de alfabetização. Mãe de dois meninos e uma menina (Luis Felipe, 10 anos; Maria Helena, 8; Paulo Otávio, 5 anos), Carolina tentou colocar em prática todas as recomendações passadas pelos professores. "Sempre procurei pedir a orientação das professoras para que caminhássemos juntos, até porque eu fui alfabetizada de uma forma e hoje o processo de alfabetização é diferente. Com o meu filho mais velho, por exemplo, tive muita dificuldade, até por ele ser o primogênito e eu ainda não estava familiarizada com as novas metodologias de ensino. Por isso, criava e lia muitas histórias com ele e o estimulava a colocar suas ideias no papel. O necessário é ter paciência e se tranquilizar, sabendo entender e respeitar o tempo de cada um", conta.

Com a empresária Alcineide Maranhão, 40 anos, não foi diferente. Também mãe de três crianças (Maria Isabela, 12 anos; Maria Luíza, 10; João Pedro, 8 anos), ela encontrou nos momentos do cotidiano ótimas oportunidades de incentivar a evolução dos pequenos. "Nós (Alcineide e o marido) procurávamos fazer de momentos simples uma oportunidade enriquecedora, inclusive entre os três irmãos, evitando fazer comparações entre eles. No caminho da escola, por exemplo, liamos as placas pela rua e conversávamos sobre vários assuntos. Quando a gente menos espera, eles desenvolvem a leitura e a escrita. É algo que vem com naturalidade", relembra.

Os especialistas reforçam que os estímulos são essenciais. "Quando falamos em alfabetização, precisamos entender que é um processo que se inicia na educação infantil e vai até o 2º ano do ensino fundamental. Todos esses anos escolares configuram a alfabetização da criança; não é simplesmente aprender a ler e escrever. A orientação principal, durante esse período, é que os pais se preocupem com o estímulo, e não com a cobrança. Eles querem muito que a criança saiba ler e escrever mas se esquecem de ensinar", pontua a psicopedagoga Anabelle Veloso, gestora pedagógica da unidade Boa Viagem do Colégio GGE.

Geralmente, se houver problemas de aprendizagem, os profissionais percebem antes do término do 2º ano do ensino fundamental. "As crianças precisam passar por essa etapa para então falarmos em dificuldades. Mas, ainda no 1º ano, os profissionais envolvidos conseguem detectar algum processo mais lento de assimilação. O psicopedagogo vai atuar nesse sentido, de antecipar situações para sinalizar aos pais e, nos casos necessários, fazer o devido encaminhamento", finaliza a psicopedagoga.

DICAS PARA ESTIMULAR O APRENDIZADO DA CRIANÇA

Fonte: Pedagoga Rosângela Lima

1. Esteja permanentemente em contato com a escola

2. Aproveite as novas tecnologias para interagir com outros pais. Passem dicas e troquem experiências

3. Estimule a leitura e a escrita de uma forma natural: incentive a criança a ler rótulos de produtos, placas de carro, procure fazer as receitas com a criança lendo o modo de preparo. Invista na leitura globalizada

4. Quando sentir a necessidade, adapte a tarefa do filho de acordo com as habilidades da criança. Comunique ao professor

5. Dê exemplos práticos: sempre leia muito, escreva bastante. Estimule o pequeno a realizar as atividades que você realiza rotineiramente