"Pescoço de texto": Especialista dá dicas para evitar dores causadas por uso de smartphones

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 31/10/2016 às 13:27
Hábito de ficar encurvado, por várias horas, olhando para a tela de smartphones, pode ser prejudicial (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)
Hábito de ficar encurvado, por várias horas, olhando para a tela de smartphones, pode ser prejudicial (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem) FOTO: Hábito de ficar encurvado, por várias horas, olhando para a tela de smartphones, pode ser prejudicial (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)

Entre os comportamentos que podem aparecer em quem usa frequentemente smartphones, está o hábito de ficar encurvado, com a cabeça abaixada, por várias horas, olhando para a tela do dispositivo. "Esse costume gera um problema cada vez mais presente nos dias de hoje, conhecido como ‘pescoço de texto’, cuja principal consequência é a ocorrência de intensas dores cervicais que podem se estender para a região intraescapular e até mesmo para os ombros. Tal quadro também pode evoluir para dores nos braços e, com o tempo, para dores lombares", diz o fisioterapeuta Reginaldo Ceolin, do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo.

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O especialista frisa que os malefícios causados pelo “pescoço de texto” ocorrem tão logo a pessoa prolonga posturas corporais incorretas por períodos cada vez maiores. Ficar encurvado por muito tempo pode alterar as curvaturas naturais da coluna vertebral. Isso pode dar origem a instabilidades e sobrecargas articulares ou musculares, o que ocasiona, mais cedo ou mais tarde, dores, diminuição de amplitude articular (por causa da diminuição de mobilidade) e, com o tempo, incômodos físicos.

"Antigamente aqueles que passavam longos períodos escrevendo corriam o risco de apresentar o mesmo tipo de problema. Com o advento das máquinas de escrever, computadores, notebooks, tablets e dos celulares de hoje em dia, o perigo só aumentou. Isso porque, quanto menor e mais acessível um aparelho se torna, mais pessoas recorrem a ele", alerta o fisioterapeuta.

PREVENÇÃO

Para auxiliar os usuários de smartphones a cuidar melhor da saúde e evitar o “pescoço de texto”, Reginaldo Ceolin tem algumas dicas. Segundo ele, uma atitude simples e eficaz é tentar manter o celular na altura dos olhos, quando se for digitar, ler textos ou visualizar vídeos. "A cabeça tende a seguir o campo visual dos olhos. Ou seja, ficar olhando para baixo normalmente faz com que a cabeça 'caia' também", explica. "A tensão muscular aumentada e mantida em níveis altos por muito tempo também pode gerar artroses precoces nas vértebras cervicais. Com a retificação da diminuição da curva natural da curvatura cervical também pode ocorrer o aparecimento de protusões e hérnias de disco", acrescenta.

Outra dica de Reginaldo Ceolin para prevenir o problema é adotar um trabalho de reeducação postural. Para isso, o primeiro passo é tomar consciência das alterações posturais prejudiciais à saúde e procurar corrigi-las. Massagem, acupuntura e terapias manuais ajudam a recuperar o conforto e sempre podem ser os primeiros aliados no alívio de possíveis dores. Posteriormente, é preciso promover o fortalecimento cervical, respeitando as especificações, a intensidade e, principalmente, as curvas naturais da coluna, incluindo não apenas o pescoço, mas toda a coluna vertebral. "Movimentar-se da maneira variada, evitando a repetição exagerada de movimentos também pode ajudar bastante", sugere.

TRATAMENTO

Para quem já sofre com o problema, Reginaldo Ceolin alerta que o risco do “pescoço de texto” gerar alguma sequela irreversível é mínimo. Porém, em muitos casos, o tratamento pode ser longo e, para que haja sucesso, deve ser acompanhado de mudança de hábito não só na maneira como utilizamos o celular e outros equipamentos eletrônicos, mas também em relação ao exagero no tempo de uso deles.

"Quando os problemas advindos do uso excessivo geram desconfortos constantes, é importante procurar um médico ortopedista ou fisiatra para que exames sejam realizados com o objetivo de confirmar que não há nada de relevante no quadro patológico. A partir daí, é necessário procurar um profissional que possa auxiliar na resolução do problema propriamente dito, tratando a fase aguda e conduzindo a uma recuperação plena da mobilidade, até que se obtenha o alívio das dores e o conforto perdido", conclui o fisioterapeuta do HCor.