Conheça a quimioprevenção, indicada para mulheres com alto risco para desenvolver câncer de mama

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 29/10/2016 às 11:30
Maria Dulce faz quimioprevenção porque apresenta risco elevado de desenvolver o câncer de mama (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)
Maria Dulce faz quimioprevenção porque apresenta risco elevado de desenvolver o câncer de mama (Foto: Diego Nigro/JC Imagem) FOTO: Maria Dulce faz quimioprevenção porque apresenta risco elevado de desenvolver o câncer de mama (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)

Barra - Outubro Rosa - Blog Casa Saudável

Mulheres com risco elevado para desenvolver câncer de mama, por apresentarem lesões consideradas pré-cancerígenas, têm como opção recorrer à quimioprevenção, caracterizada pelo uso de medicamentos que têm se mostrado eficazes para reduzir o risco de aparecimento da doença apenas nos casos em que a chance para ter um tumor no seio é alta. Ou seja, não são medicações indicadas para a população em geral, mas podem diminuir em cerca de 50% o risco da doença no grupo de mulheres cujas lesões nos seios têm alta probabilidade de evoluir para um câncer.

“É o caso da hiperplasia ductal atípica, condição em que células dos ductos mamários estão com formação alterada. Isso pode ser um passo para o aparecimento do tumor. Para essas pacientes, a quimioprevenção pode ser uma alternativa e deve ser seguida por cinco anos”, explica o oncologista Rossano Araújo, da Oncoclínica Recife e do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc).

"A quimioprevenção pode ser uma indicação para pacientes com lesões pré-cancerígenas e aquelas com alto risco de câncer de mama por fatores genéticos e hereditários”, destaca o oncologista Rossano Araújo (Foto: Edmar Melo/Acervo JC Imagem) "A quimioprevenção pode ser uma indicação para pacientes com lesões pré-cancerígenas e aquelas com alto risco de câncer de mama por fatores genéticos e hereditários”, destaca o oncologista Rossano Araújo (Foto: Edmar Melo/Acervo JC Imagem)

Nesses casos, os medicamentos usados são os mesmos prescritos na fase do tratamento da doença realizado após cirurgia de retirada de tumor, a fim de eliminar possíveis células cancerígenas. “O câncer de mama tem incidência alta: em cada oito a dez mulheres, uma terá o tumor no decorrer da vida. Algumas, no entanto, apresentarão risco mais elevado. Cabe ao médico avaliar se, além de propor exames mais frequentes, poderá indicar o tratamento hormonal preventivo. A medicação escolhida leva em consideração a fase da vida reprodutiva da mulher”, frisa a oncologista Cristiana Tavares, do Huoc.

Leia também:

Câncer de mama em homens representa 1% de todos os casos da doença

Conheça mitos e verdades sobre câncer de mama

A médica acrescenta que um dos medicamentos (tamoxifeno) usados na quimioprevenção está disponível pela rede pública de saúde. “Em linhas gerais, quando precisamos prescrevê-lo para mulheres do Sistema Único de Saúde sem a doença, mas com alto risco para desenvolvê-la por causa de uma lesão atípica na mama, encaminhamos uma solicitação com justificativas para a Secretaria Estadual de Saúde liberar o tamoxifeno, que já é usado em larga escala no tratamento do câncer de mama”, informa Cristiana.

"Suspeitamos de predisposição genética para o câncer de mama quando há vários casos desse tipo de tumor ou de ovário diagnosticados em parentes com menos de 50 anos”, frisa a oncologista Cristiana Tavares (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem) "Suspeitamos de predisposição genética para o câncer de mama quando há vários casos desse tipo de tumor ou de ovário diagnosticados em parentes com menos de 50 anos”, frisa a oncologista Cristiana Tavares (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)

A enfermeira e empresária Maria Dulce Filgueira Ramalho, 48 anos, faz parte do grupo de mulheres que têm risco elevado de desenvolver o tumor e, por isso, optou pela quimioprevenção. “Passei por cirurgia para retirar uma lesão pré-cancerígena da mama. Em seguida, comecei a tomar uma medicação para fazer bloqueio hormonal. E tomarei um comprimido diariamente, por cinco anos”, conta Maria Dulce.

Ela relembra que descobriu a lesão enquanto realizava a mamografia e ultrassom da mama. “Sempre fiz anualmente esses exames. Para mim, é um alívio ter a chance de seguir esse medida preventiva. Não tenho apresentado incômodos por causa da quimioprevenção”, acrescenta. Há casos, no entanto, em que efeitos colaterais podem aparecer. “Mas, quando as pacientes são bem monitoradas, qualquer contratempo, como dor articular, pode ser controlado. Em fumantes, pode-se aumentar o risco de trombose. Já em idosas, há chances de câncer de endométrio, embora seja um efeito raro”, diz Rossano Araújo.

Lesões no seio como a de Maria Dulce (hiperplasia ductal atípica) aumentam de quatro a cinco vezes a probabilidade de a mulher ter o câncer de mama, em comparação com o risco que a população em geral tem de desenvolver o tumor, segundo destaca Cristiana Tavares. “As pacientes que fazem parte desse grupo de alto risco para a doença também têm como opção apenas acompanhar a lesão por exames realizados a cada seis meses. Mas cada caso deve ser avaliado individualmente com os médicos”, alerta a oncologista.

Infográfico - Câncer de mama (alto risco)