Teste de qualidade de óculos de sol precisa ser revisto, aponta estudo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 07/10/2016 às 16:00
Parâmetros de teste que embasa as atuais normas técnicas do óculos de sol em países como o Brasil precisam ser modificados, alertam pesquisadores (Foto: Free Images)
Parâmetros de teste que embasa as atuais normas técnicas do óculos de sol em países como o Brasil precisam ser modificados, alertam pesquisadores (Foto: Free Images) FOTO: Parâmetros de teste que embasa as atuais normas técnicas do óculos de sol em países como o Brasil precisam ser modificados, alertam pesquisadores (Foto: Free Images)

Da Agência Fapesp de notícias

O teste de qualidade e segurança de lentes de óculos de sol à radiação ultravioleta que embasa as atuais normas técnicas do produto fabricado em países como o Brasil precisa ser revisto. Um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), com apoio da FAPESP, apontou que, na forma como é feito hoje, o teste é ineficaz para assegurar a proteção das lentes dos óculos de sol à exposição à radiação UV. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista BioMedical Engineering OnLine.

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“O teste é incapaz de assegurar que as lentes de óculos de sol comercializados no Brasil conferem proteção à exposição à radiação solar em limites considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde”, disse Liliane Ventura, professora do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da EESC-USP e coordenadora do projeto, à Agência FAPESP

De acordo com a pesquisadora, alguns estudos indicavam que a exposição ao sol ao longo do tempo pode deteriorar a proteção de óculos escuros à radiação UV. As lentes dos óculos podem tornar-se mais claras e leves, alterando a categoria em que estão classificadas de acordo com a transmitância luminosa – a quantidade de luz visível que pode passar pela lente.

Além disso, a exposição das lentes a níveis elevados de radiação UV pode diminuir a resistência ao impacto, tornando-as mais suscetíveis a estilhaçar. A fim de assegurar a qualidade dos óculos de sol comercializados atualmente, as normas técnicas internacionais – nas quais o Brasil se espelhou – estabelecem que o produto seja submetido a um teste que estima a alteração da categoria das lentes em razão da exposição solar ao longo do tempo.

“Essas normas, contudo, não fazem referência à análise da degradação da proteção ultravioleta, o que deveria ser um dos principais itens de estudo neste teste”, ponderou Ventura.

Ajuste de parâmetros

No teste, as lentes dos óculos são expostas a um simulador solar durante 50 horas, a uma distância de 30 centímetros de uma lâmpada de xenônio, com potência de 450 Watts (W) e espectro luminoso semelhante ao do sol. Após a exposição à radiação, os óculos são submetidos a uma análise por espectrofotometria para comparar a transmitância luminosa no visível – a categoria da lente – conferida pelas lentes antes e depois de serem expostas ao simulador solar.

Dessa forma, é possível avaliar se as lentes dos óculos alteram de categoria – se ficam, por exemplo, mais claras – e se conferem proteção à radiação UV durante um período equivalente a dois dias de exposição ao sol natural no verão em uma cidade brasileira como São Paulo, por exemplo, ou de quatro dias no inverno, explicou Mauro Masili, professor da EESC-USP e coautor do estudo.

“Os estudos apontam, contudo, a ineficácia de se estudar a degradação dos óculos em dois dias de irradiação solar e a inexistência de testes para conferir a segurança da duração da proteção ultravioleta nos óculos por determinado período de uso”, afirmou. Uma enquete feita pelos pesquisadores apontou que a maioria dos brasileiros usa os mesmos óculos de sol por, no mínimo, dois anos, durante um período de, em média, duas horas por dia.

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