"Ninguém nasce com medo de dentista", diz a odontopediatra Gabriela Trindade, que faz a garotada tomar gosto pelos cuidados básicos com a saúde bucal através do recurso "dizer, mostrar e fazer". Ao colocá-lo em prática, ela recorre a uma porção de recursos lúdicos (além de muita conversa) para demonstrar os vários instrumentos usados na higiene bucal, passo a passo, antes de usá-los (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)
Para garantir que a criança se desenvolva com bons hábitos de higiene bucal, a visita inicial ao odontopediatra deve acontecer no primeiro ano de vida, considerada como uma oportunidade para a criança ganhar confiança ao sentar na cadeira do dentista. É nessa fase também que começam a nascer os primeiros dentinhos, que merecem cuidados especiais. Nas consultas, o dentista tem a chance de acompanhar o desenvolvimento da dentição dos pequenos e de transmitir mensagens valiosas para a família, como uso correto do creme dental com flúor e higienização adequada antes até de os dentes de leite aparecerem. “Conversamos ainda sobre a alimentação e a forma com que devem ser usados bicos de mamadeiras e chupetas”, diz a odontopediatra Gabriela Trindade.
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Na ocasião, é realizada uma avaliação não só dos dentes, mas da gengiva, da língua e da bochecha dos pequenos. “E fazemos uma limpeza profunda, que é variável de acordo com a idade.” Ainda são fornecidas informações sobre prevenção da cárie de acometimento precoce, que geralmente aparece em crianças com hábito de mamar no peito ou na mamadeira à noite. Quando elas dormem, líquidos com açúcar permanecem em volta dos dentes e podem causar cárie, o que leva a um risco da perda do dente de leite.
A odontopediatra Gabriela Trindade mostra à pequena Lara, 1 ano e 3 meses, como deve ser feita a higienização bucal (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)
“Outra recomendação importante é o uso de creme dental com flúor (infantil) a partir do nascimento do primeiro dentinho. É preciso que os pais fiquem atentos à quantidade aplicada na escova de dente porque as crianças engolem o produto. E isso varia de acordo com a idade”, salienta Gabriela. Por isso, antes de usar o produto, é fundamental a orientação de um odontopediatra. A gerente de atendimento Mona Lisa de Brito, 38 anos, levou a filha, Lara, 1 ano e 3 meses, para a primeira consulta à dentista nesta semana. “Viemos para ver como a dentição dela está se desenvolvendo e também para receber dicas sobre a escovação adequada. É um momento importante para se começar a ganhar confiança na dentista”, conta Mona Lisa.
As orientações recebidas são essenciais para a realização de cuidados diários capazes de evitar problemas com os dentes de leite, que têm íntima relação anatômica com os permanentes. “Uma cárie profunda atinge a polpa do dente. Essa infecção pode passar para o dente permanente, que está na raiz. Podem aparecer manchinhas e abcessos, que tendem a afetar o dente permanente. E a perda precoce do dente de leite atrapalha o nascimento do permanente”, explica Gabriela.
Ela ainda pede atenção para o primeiro molar permanente. “Para ele irromper, nenhum dente precisa cair. Então, os pais acham que se trata de leite. Nasce por volta dos 6 anos. É o mais importante da nossa dentição porque tem a ‘chave de oclusão’, que chamamos de encaixe dos dentes. Ele é importante para a mastigação, mas de difícil higienização nessa fase. Por isso, se não forem feitas as consultas de prevenção, é um dente que facilmente pode ganhar cárie”, alerta a especialista.
