Quase 80% dos atendimentos envolvem violência sexual em serviço de apoio à mulher em PE

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 18/08/2016 às 11:46
wilma lessa FOTO:

O Serviço de Apoio à Mulher Wilma Lessa, sediado no Hospital Agamenon Magalhães, no Recife, realiza atendimento para mulheres vítimas de violência (Foto: Fernando da Hora/JC Imagem) O Serviço de Apoio à Mulher Wilma Lessa, sediado no Hospital Agamenon Magalhães, no Recife, realiza atendimento para mulheres vítimas de violência (Foto: Fernando da Hora/JC Imagem)

De janeiro até o mês de junho deste ano, o Serviço de Apoio à Mulher Wilma Lessa, sediado no Hospital Agamenon Magalhães (HAM), no Recife, realizou 166 primeiros atendimentos. Desse total, 130 casos envolviam algum tipo de violência sexual, totalizando 78,3% dos casos. Em seguida, aparecem as ocorrências por violência física (81 casos) e psicológica (57 casos). A coordenação do serviço explica que, nos registros, a mesma mulher pode ter sofrido mais de um tipo de violência.

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Das 166 pacientes atendidas, 79 eram mulheres entre 20 e 39 anos (47%), seguida de adolescentes entre 10 e 19 anos, com 62 casos (37%).

Funcionando há 15 anos, o serviço atende o público feminino 24 horas por dia, sete dias por semana. No local, uma equipe multidisciplinar, formada por médico, enfermeiro, psicólogo e assistente social acolhem a mulher e verificam os protocolos para cada tipo de caso.

"Esse é um serviço importante para fazer o acolhimento da mulher vítima de qualquer tipo de violência. No Wilma Lessa, nós garantimos o sigilo no atendimento e damos todo o suporte de saúde necessário para cada tipo de caso, fazendo a primeira consulta e também as subsequentes para sanar toda a problemática. Também aconselhamos a mulher, caso ela tenha o desejo de fazer a denúncia na polícia. Mas ressaltamos que o atendimento de saúde não está atrelado à denúncia criminal", diz a coordenadora do Wilma Lessa, Mayara Mendes.

No caso de violência sexual, o protocolo inclui o uso de contraceptivo de emergência, do coquetel para DST/HIV e exames subsequentes. Em 2016, dos 130 casos de violência sexual, 87 mulheres precisaram fazer profilaxia para doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), 86 para HIV e 32 para hepatite B, além de outros exames, como de sangue. A mesma vítima pode ter feito mais de um desses tratamentos.

No caso do aborto previsto em lei, foram feitos cinco no primeiro semestre de 2015.

A coordenadora Mayara Mendes ressalta que os casos de violência doméstica atendidos no Wilma Lessa têm um percentual relevante. Dos 166 atendimentos, 38 casos (22%) tiveram como agressor algum membro da família (pai, mãe, padastro, irmão, filho, marido/namorado – atual ou ex). Outros 12% (20 casos) foram por conhecidos e 50% (83) por desconhecidos.