Guaraná tem potencial antioxidante maior do que chá verde, constata estudo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 04/08/2016 às 17:05
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Imagem de guaraná (Foto: Food & Function / Reprodução) Pesquisa revelou potencial do guaraná na prevenção de doenças cardiovasculares e outras enfermidades (Foto: Food & Function / Reprodução)

Da Agência Fapesp de notícias

O chá verde é amplamente consumido devido a uma série de benefícios de uma classe de compostos químicos presente em sua formulação: as catequinas, com ação antioxidante e propriedades anti-inflamatórias, entre outras. Pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) descobriram um concorrente à altura para a bebida, com pelo menos 10 vezes mais catequinas e velho conhecido dos brasileiros: o guaraná.

Ensaios clínicos com voluntários humanos saudáveis revelaram o guaraná como importante fonte de catequinas. Efetivamente absorvidas, elas reduzem o estresse oxidativo no organismo, relacionado ao surgimento de doenças neurodegenerativas e cardiovasculares, diabetes e câncer, inflamações e envelhecimento precoce em virtude da morte de células, entre outras condições prejudiciais à saúde e ao bem-estar. Os ensaios foram feitos no âmbito da pesquisa Bioacessibilidade, biodisponibilidade e atividade antioxidante de compostos fenólicos do Guaraná (Paullinia cupana) in vitro e in vivo, realizada com apoio da FAPESP e coordenada pela pesquisadora Lina Yonekura.

“Até então, o guaraná era visto apenas como estimulante devido ao seu alto teor de cafeína, principalmente pela comunidade científica internacional. No Brasil, também observamos que havia uma escassez de trabalhos enfocando outros efeitos biológicos do guaraná. A avaliação pioneira sobre a absorção e os efeitos biológicos de suas catequinas em voluntários humanos pode aumentar o interesse da comunidade científica, do mercado e da sociedade em geral pelo fruto como alimento funcional”, acredita Yonekura, atualmente professora assistente da Faculdade de Agricultura da Kagawa University, no Japão.

O paper com os resultados da pesquisa foi destaque de capa da revista Food & Function, da Royal Society of Chemistry, do Reino Unido. O artigo Bioavailability of catechins from guaraná (Paullinia cupana) and its effect on antioxidant enzymes and other oxidative stress markers in healthy human subjects foi publicado no periódico como um dos Hot Articles de 2016 e é assinado por Yonekura, Carolina Aguiar Martins, Geni Rodrigues Sampaio, Marcela Piedade Monteiro, Luiz Antônio Machado César, Bruno Mahler Mioto, Clara Satsuki Mori, Thaíse Maria Nogueira Mendes, Marcelo Lima Ribeiro, Demetrius Paiva Arçari e Elizabeth Aparecida Ferraz da Silva Torres.

Muito além da cafeína

Os testes duraram um mês e foram realizados em duas etapas. Para medir os parâmetros de referência dos efeitos do guaraná em voluntários saudáveis, mas com sobrepeso e risco cardiovascular ligeiramente elevado, os indivíduos foram submetidos a exames clínicos após 15 dias de dieta controlada. Nos 15 dias seguintes, passaram a consumir 3 g de guaraná em pó suspenso em 300 ml de água todas as manhãs, em jejum.

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