Pesquisa: 58% das mulheres pernambucanas não conhecem o câncer de colo do útero

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 09/07/2016 às 14:57
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Quando sintomas como sangramento já são aparentes, a paciente se encontra no estágio avançado do câncer de colo do útero, diz médica (Foto: Free Images) Quando sintomas como sangramento já são aparentes, a paciente se encontra no estágio avançado do câncer de colo do útero, diz médica (Foto: Free Images)

Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, encomendada pela Roche Farma Brasil, aponta que 58% das pernambucanas não conhecem o câncer de colo do útero, o segundo mais incidente no público feminino no Estado e que mata uma mulher a cada 90 minutos no País. A falta de informação também chega aos exames de diagnóstico e tratamento da doença.

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Dados da pesquisa mostram que, entre as mulheres do Estado, 85% nunca realizaram o teste do HPV, teste específico para detectar o principal causador do câncer de colo do útero. Grande parte delas também nunca realizaram o papanicolau e a colposcopia, respectivamente 44% e 42%, exames de rotina ginecológica para rastreamento desse tipo de câncer. A maioria das mulheres realiza esses exames quando necessitam avaliação médica por outras causas e não de forma rotineira e regulada como propõe o programa de rastreamento de câncer de colo de útero no Brasil, conta a  médica oncologista Carla Rameri de Azevedo, pesquisadora do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) e da clínica MultiHemo.

Outro detalhe é que 63% das pernambucanas dependem do Sistema Único de Saúde (SUS), que demora cerca de seis meses para concluir o ciclo de atendimento, que abrange desde a consulta inicial, passando pela realização do exame e à consulta de retorno. “A demora agrava o cenário, fazendo com que os tumores sejam diagnosticados já em estágios avançados”, relata Carla.

De acordo com a especialista, quando sintomas como o sangramento já são aparentes, a paciente se encontra no estágio avançado da doença, o que acontece em 77% dos casos.

“O acesso à prevenção e ao tratamento a contento são muito importantes para elas. Não somente pela maior chance de cura, como também na melhora na qualidade de vida”, completa Carla Rameri. Entre as entrevistadas, 89% acham muito importante ter mais um dia de vida e 85% acreditam que o tratamento correto pode possibilitar mais tempo a elas.

Segundo a especialista, para o estágio avançado, o tratamento com bevacizumabe, novo medicamento disponível no Brasil, permite mais tempo de vida às pacientes. A combinação do medicamento com a quimioterapia isolada (cisplatina + paclitaxel) aumentou a expectativa média de vida em 30% e reduziu 33% na progressão da doença. “Trata-se do primeiro medicamento biológico que trouxe benefício em sobrevida global sem redução da qualidade de vida em pacientes com câncer de colo de útero nos últimos dez anos”, afirma Carla.