Microcefalia grave acomete 53,3% dos bebês com a malformação em Pernambuco

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 30/06/2016 às 10:14
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Imagem de mulher segurando bebê com microcefalia (Foto: Diego Nigro / JC Imagem) Em Pernambuco, são 195 crianças com microcefalia grave ou severa. Número corresponde a 53,3% dos casos confirmados (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)

Dos 366 casos confirmados de microcefalia em Pernambuco ao longo de quase 11 meses, há uma predominância de bebês com quadros severos ou graves da malformação congênita. São aqueles que nasceram com perímetro cefálico menor ou igual a 30,7 centímetros (para meninos) ou a 30,3 centímetros (meninas). No Estado, são 195 crianças com essa condição – ou seja 53,3% dos casos confirmados. “Do ponto de vista médico, imagina-se que houve uma agressão que não permitiu o desenvolvimento cerebral. Quanto menor o perímetro cefálico, mais grave provavelmente será o comprometimento do paciente porque a agressão (causada pelo vírus) aconteceu possivelmente num período bem precoce da gestação”, explica a neuropediatra Adélia Henriques Souza.

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A médica acrescenta que é muito importante acompanhar a evolução dos bebês com microcefalia a longo prazo. “É fundamental investigarmos os fatores que podem levar a uma evolução mais grave ou menos intensa dessas crianças. Provavelmente o perímetro cefálico muito pequeno ao nascimento deve contribuir com o comprometimento mais intenso”, acrescenta Adélia.

Infográfico - Microcefalia 300616

Em Pernambuco, segundo boletim divulgado nesta semana pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), outros 82 (22,4%) bebês fazem parte da classificação de microcefalia, enquanto que 70 (19,1% dos casos confirmados) não têm microcefalia, mas apresentam forte suspeita de zika congênita por apresentarem alterações sugestivas de infecção nos exames de imagem. Além desses, 19 (5,2% dos casos confirmados) não se enquadram nas classificações de microcefalia. “Mas podemos inferir que também são bebês com síndrome congênita associada ao zika, já que têm alteração nos exames de imagem”, esclarece o diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos da SES, George Dimech.

Além disso, 481 (23,9%) bebês com suspeita de microcefalia em Pernambuco ainda estão em investigação. A SES estuda como fazer uma busca ativa desses casos, que são mais difíceis de ser encontrados. “São crianças que foram notificadas, mas que não voltaram às unidades de saúde. Imaginamos que não são casos confirmados, mas precisamos analisá-los”, conclui George.