Estudo revela o impacto da enxaqueca crônica na família

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 25/06/2016 às 11:00
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Estudo mostra que 35,3% dos filhos de pais com enxaqueca crônica apresentavam dificuldade de concentração em atividades escolares (Foto: Free Images) Estudo mostra que 35,3% dos filhos de pais com enxaqueca crônica apresentavam dificuldade de concentração em atividades escolares (Foto: Free Images)

A enxaqueca crônica, considerada uma das doenças mais incapacitantes segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), foi mote de um estudo que mostrou como a dor impacta toda a família. Intitulada Epidemiologia e Resultados de Enxaqueca Crônica (Chronic Migraine Epidemiology and Outcomes – CaMEO), a pesquisa foi encomendada pela farmacêutica Allergan nos Estados Unidos e apresentada durante a reunião anual da Academia Americana de Neurologia em Vancouver, Canadá, em abril.

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O levantamento, que contou com 1.733 pessoas, entre pais e filhos de pessoas que têm enxaqueca crônica e episódios esporádicos de enxaqueca, revelou que adolescentes e jovens adultos, filhos de pais com enxaqueca crônica, relatam impacto geral relevante sobre suas vidas acadêmicas. Confira os destaques do estudo:

- 35,3% dos filhos de pais com enxaqueca crônica apresentavam dificuldade de concentração em atividades escolares, enquanto apenas 16,4% dos filhos de pais com grupo de enxaqueca episódica apresentavam o mesmo problema

- Pais com enxaqueca crônica deixaram de dar ajuda a 48,2% de seus filhos, contra 26,4% dos jovens que passaram pela mesma situação com pais que apresentavam episódios isolados de enxaqueca

- 60,5% dos adolescentes membros de famílias de pais com enxaqueca crônica apresentaram mais episódios de dor de cabeça nos três meses anteriores da pesquisa – contra 48,4% de probabilidade do outro grupo

A neurologista Thaís Villa, membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia, analisa o levantamento com positividade. “É de grande importância a realização de estudos como este que ampliam o olhar sobre a enxaqueca crônica e seus impactos não apenas na pessoa que convive com a doença, mas em seus familiares diretos, especialmente os filhos. A enxaqueca é uma doença hereditária e deve ser sempre pesquisada nessas crianças e adolescentes. Se diagnosticada, deve ser tratada precocemente, a fim de evitar consequências físicas e emocionais em toda a família”, diz Thaís.

Os resultados do levantamento reforçam a necessidade de campanhas educativas que orientem pessoas com enxaqueca crônica a procurarem um tratamento especializado para melhorar não apenas sua qualidade de vida, mas também a de seus familiares.

Tratamento

Ainda sem cura, a doença deve ser tratada de forma multidisciplinar e multiprofissional. Confira algumas opções terapêuticas que devem sempre ser prescritas e acompanhadas por um especialistas:

- Terapias preventivas que visam evitar, diminuir frequência e intensidade das crises, baseadas em medicamentos orais, como antidepressivos, neuromoduladores e betabloqueadores, e também com a aplicação de toxina botulínica A, aprovada para uso em adultos acima de 18 anos. Também somam a acupuntura, fisioterapia, orientações nutricionais e práticas de atividades físicas bem direcionadas.

- Terapias analgésicas, composta por medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios que visam cessar a crise já instalada.

- Mudanças comportamentais, com o apoio de terapia psicológica, que visam trabalhar comportamentos de estresse e ansiedade.